segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Chove no Ceará

"Chove na minha terra !
Chove no Ceará!
Tudo é verde para a volúpia dos olhos
E as águas cantam para gozo dos ouvidos.
Há delícia, prazer e encantamento,
Há festa para todos os sentidos !
Chove na minha terra !
Chove no Ceará!
O Sol é um amante que se esconde,
Para tornar - se mais amado , ainda.
E o cearense, com sua alma de girassol,
Abençoa a chuva,
Mas pensa no sol, tem saudades do sol...
Chove na minha terra !
Chove no Ceará!
Os açudes erguem músculos de pedra,
Para conter as águas desencarceradas,
As águas desacorrentadas ,
Que saltaram montes,
Estrangularam árvores,
Vararam grotões, em disparada louca,
E chegam, enfim, cansadas,
Fatigadas,
Deitando troncos e espuma pela boca...
Agora, aos olhos que choraram tanto,
Uma paisagem nova se descerra,
Enquanto
A chuva rola,
Como um pranto
Que erra
Pela face de um santo
Ou de um herói que triunfou na guerra.
Pela face de alguém
Que venceu o destino, vence e vencerá!
Pela tua face, minha terra !
Chove no Ceará!
Poema " Chove no Ceará " , da autoria de Antônio Filgueiras Lima ( 1909 - 1965 ) , nascido em Lavras da Mangabeira , no Ceará : poeta , educador , político, advogado . Pertenceu à Academia Cearense de Letras, Cadeira 21, patroneada por José de Alencar. Publicou : Festa de Ritmos ( 1932 ); Ritmo Essencial ( 1944 ) ; Terra da Luz ( 1956 ) ; O Mágico e o Tempo ( 1965 ).

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