domingo, 4 de agosto de 2024

 Zé Keti - A Voz do Morro

" Eu sou o samba / a voz do morro sou eu mesmo , sim senhor / quero mostrar ao mundo que tenho valor / eu sou o rei do terreiro / eu sou o samba / sou natural daqui do Rio de Janeiro / sou eu quem levo a alegria / para milhões de corações brasileiros / viva o samba , queremos samba / quem está pedindo é a voz do povo de um país/ salve o samba , queremos samba / essa melodia de um Brasil feliz " .
Composição musical da autoria de Zé Keti.
José Flores de Jesus ( 1921 - 1999 ), nasceu em 16 de setembro de 1921 , no estado do Rio de Janeiro . Seu pai , Josué Vale da Cruz era marinheiro e tocava cavaquinho . Seu avô, João Dionísio Santana , flautista e pianista , promovia saraus em sua residência em companhia de figuras famosas como , Pixinguinha ( 1897 - 1973 ) , e Cândido das Neves ( 1889 - 1934 ) .
O garoto José Flores sorveu pouco tempo de estudos formais , cursando apenas o grau primário . Em contrapartida , teve a felicidade de viver cercado de bons músicos. Em 1940 , José Flores ingressou na Polícia Militar do Rio de Janeiro , onde permaneceu por cerca de três anos . No ano de 1945 passou a integrar o grupo de compositores da Escola de Samba Portela , donde cinco anos depois , afastou - se por conta de problemas relacionados à autoria de músicas .
No início da década de 40 , compôs sua primeira marcha carnavalesca : " Se o feio doesse " . Em 1946 teve uma música: " Tio Sam no samba " , gravada pelo conjunto Vocalistas Tropicais . Em 1951 faz sucesso com um samba " Amor Passageiro " , na voz de Linda Batista ( 1919 - 1988 ) . Em 1955 a música " A voz do Morro " gravada por Jorge Goulart ( 1926 - 2012 ) , faz retumbante sucesso .
O garoto José Flores , trouxe da infância o apelido de " Zé Quietinho " , que depois passou a " Zé Quieto " , até , finalmente chegar a " Zé Keti . Em 1962 , Zé Keti idealizou um conjunto , denominado " A Voz do Morro " , do qual tomaram parte : Paulinho da Viola ; Elton Medeiros ; Anescarzinho do Salgueiro , e , Nelson Sargento , dentre outros .
Zé Keti pegou a onda gigante do movimento Bossa Nova que foi moldada com o ritmo de João Gilberto , a poesia de Vinicius de Moraes , e a harmonia de Tom Jobim .
Por essa época, evocando a " Marcha com Deus pela Liberdade " , ocorrida às vésperas do Movimento Militar de 1964 , Zé Keti lança uma música : " Marcha da Democracia " , brincando com fogo :
" Marchou com Deus pela democracia .
Agora chia , agora chia .
Você perdeu a personalidade .
Agora fala em liberdade .
Oh ! , seu Oscar , o que é que há ?
Ai , ai , ai , dona Aurora
Mas por que é que a senhora chora ? " .
O show musical " Opinião " , sob a direção de Augusto Boal , com textos de Oduvaldo Vianna Filho , Armando Costa , e Paulo Pontes , contando com a participação de de Zé Keti, João do Vale , e , Nara Leão, estreia no Teatro de Arena com retumbante sucesso :
"Podem me prender / podem me bater / podem até deixar - me sem comer / que eu não mudo de opinião/ daqui do morro eu não saio , não/ se não tem água/ eu furo um poço/ se não tem carne/ eu compro um osso / e ponho na sopa / e deixa andar / fale de mim quem quiser falar / aqui eu não pago aluguel/ se eu morrer amanhã, seu doutor / estou pertinho do céu "
Composição musical " Opinião " , de autoria de Zé Keti.
Em 1967, junto com Hildebrando Matos , Zé Keti lança a marcha - rancho " Máscara Negra " que foi imortalizada por Dalva de Oliveira ( 1917 - 1972 ) :
" Quanto riso, oh ! Quanta alegria/ mais de mil palhaços no salão/ Arlequim está chorando pelo amor de Colombina/ no meio da multidão/foi bom te ver outra vez/está fazendo um ano/ foi no carnaval que passou/ eu sou aquele Pierrô/ que te abraçou/ que te beijou, meu amor/ na mesma máscara negra /que esconde o teu rosto/ eu quero matar a saudade / vou beijar- te agora/ não me leve a mal/ hoje é carnaval " .
Nas décadas de 80 e 90, Zé Keti ficou um pouco à margem da música e passou a apresentar problemas de saúde . Em 14 de novembro de 1999 , aos 78 anos de idade , falece na cidade do Rio de Janeiro . Desapareceu um autêntico poeta e boêmio que serviu de elo para unir o morro e o asfalto num período importante na formação da Música Popular Brasileira .
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