quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A José Eleutério Filho, Uma Justa Homenagem


No limiar de 1915 na  velha Europa, os raios riscando os céus reportavam o fogo do cruel embate entre irmãos na Primeira Grande Guerra Mundial.  Aqui abaixo do equador, onde não existe pecado, na pequenina Mossoró, cidade do sol, sal e petróleo, no vizinho  Estado do Rio Grande do Norte, no dia 15 de janeiro de 1915,  dava bom-dia ao mundo mais um menino José.  Seu  pai, também José(José Eleutério) e sua mãe, Maria (Maria Ferreira) cedo migraram rumo a Fortaleza, sem dúvida, desacompanhados dos Reis Magos, posto que,  já se passara a saudosa  festança (06 de janeiro): -“Oh! Deus salve a casa–santa, aonde Deus fez a morada. Onde mora o cálix bento e a hóstia consagrada“. 
   José e Maria encontraram um ninho sob a proteção divina bem junto à Igreja de Nazaré, no bairro de Montese. Fincaram os alicerces da família e do comércio (mercearia e vacaria) naquele recanto  e seguiram com a vida  adiante. O menino José Eleutério Filho  foi buscar conhecimento formal  no Colégio Cearense dos Irmãos  Maristas. Mais a frente, José, inquieto, misturou as bolas e caiu nos braços da  Maçonaria. Na Rua Conde D’Eu, colado à Catedral Metropolitana de Fortaleza, José ergueu um cubículo de madeira no meio  da rua, diminutíssimo, que ele chamou de Posto e lá fora colocou  duas bombas de combustível. Dali tirou,  às  custas   de muito suor e lágrimas,  o  básico  sustento de sua esposa/anjo Jurema e de seus cinco filhos: Rita, Diana, Stela, Neto e Francisco.    
   Quando a cidade cresceu,  engoliu o posto de combustível  e levou a tira-colo o nosso pobre pai. Que  pena! Uma cidade não tem sentimentos como o bicho- homem! A partir de então, nosso pai morreu muitas mortes até a última, segurando minha mão num leito do Hospital Geral de Fortaleza.
   José Eleutério  Filho, nosso querido pai: poderia ter corrido a Europa, França e Bahia; não foi . Poderia ter expandido seu minúsculo comércio; não o fez. Poderia ter esbanjado  riqueza; não o quis.
   O que quis e fez,com  apurado capricho,  foi confeccionar com as próprias mãos, de uma alvura impar, amparado pelo anjo Jurema, um ninho sólido, imune a tempestades, onde seus  filhos cresceram, criaram asas e tomaram um  rumo certo neste mundão de meu Deus.  Queridos José e Jurema seus projetos tinham que vingar e vingaram por obra e graça de vocês.  Valeram a pena tantos sacrifícios, queridos velhos?  Nem tenham dúvidas! 
   E o que restou   de tudo? E,  agora, José Eleutério Filho? Seus filhos ,humildes,  no outono da vida,de braços dados, vivendo uma nova infância, unidos, como sempre foram, dando glória ao Senhor, por tudo que a vida nos ofertou. Depois que vocês se encantaram plantou-se uma   enorme saudade entre nós, um completo desamparo, amados pais. Nada não,  é por pouco! Podem preparar um novo ninho, aureolado de algodão, aí na Mansão dos Bons e dos Justos, pois ainda precisamos nós de seus regaços e de suas  benfazejas companhias. José  Eleutério Filho, querido e amado velho,  parabéns pelo seu centenário de nascimento,  e mande daí sua reconfortante benção! 
                                 Um  até  breve, pai!


2 comentários: