UM POSTO DE OBSERVAÇÃO: AI DE TI, FORTALEZA
Para a Dra. Guiomar Vasconcelos Frota
Na Praça da Sé, escorado na Catedral Metropolitana, em eterna construção, saltou do chão feito visagem, um humilde cubículo de madeira dotado de duas bombas de combustíveis, denominado de Posto Esso, tendo como proprietário o comerciante cearense José Eleutério Filho, e que ajudava a compor a imagem da zona central de Fortaleza nos idos de 60 do século passado. Um adolescente de pouca conversa, sempre com um livro debaixo do braço, bombeiro daquele estabelecimento comercial de gasolina, montou ali o seu posto de observação, de onde sorvia em largos goles, o néctar da vida naquele burburinho de gente.
Ao derredor espalhavam-se de maneira anárquica, pensões, bares, lojas, hotéis, beirando o Palácio do Bispo. Destacava-se ainda, o Mercado Central com seus inúmeros boxes. De madrugada chegavam comboios de jumentos abarrotados de mercadorias oriundas, principalmente, dos distantes bairros de Messejana (Paupina) e Parangaba (Arronches).
Circulavam no local, caminhões – mistos, posto que, carregavam no mesmo espaço, pessoas, mercadorias e bichos vindo do interior do estado. Logo adiante sobressaia -se o Quartel General da 10ª Região Militar, junto aos restos do antigo Forte de Schoonenborch erigido por Matias Beck durante a permanência dos holandeses por estas bandas em 1649. Ali onde nasceu o burgo aos pés do heroico Riacho Pajeú, espraiava-se a vida citadina com seus variegados personagens como, párocos com batinas longas, negras e puídas, políticos de ternos brancos, catraieiros com sacos equilibrados sobre a cabeça, vendedores ambulantes e, especialmente, as queridas damas-da- noite, habitantes das inúmeras pensões alegres que formavam o colar de pérolas do pecado que envolvia num abraço amoroso aquele bucólico centro de Fortaleza, ainda uma meiga adolescente com vestido de chita.
Vez por outra, soturnas caminhonetes dotadas de negros penachos levando almas recém- desencarnadas, circulavam, lenta e silenciosamente, por uma rua que nascia aos pés da Catedral e desembocava mais adiante no Cemitério de São João Batista.
Reverberava naquela época, de forma contundente nas mesas dos bares da região, um bárbaro fato policial que abalara os arrais da Loura Desposada do Sol, do boêmio Paula Ney. No dia 01 de setembro de 1950, na Pensão da Graça, localizada na Rua Conde D’Eu número 541, o ex-jogador de futebol, atacante do Ceará Sporting Clube, o paraibano José Ramos de Oliveira, conhecido como Idalino, chegou naquele recinto acompanhado dos comerciantes de Campina Grande, Aloísio Millet e Geraldo Castro. Estes haviam vendido para Idalino, um automóvel Chevrolet no valor de 145 contos de réis, constando de uma entrada de 6 contos, ficando o restante a ser pago em Fortaleza. Surge na história a figura de Alcinda Leal, irmã de Graça, que assumira a direção daquela casa noturna e era amásia de Idalino. Enquanto Alcinda dava as boas-vindas aos três homens, Idalino seguia para um quarto na companhia de Aloísio com o intuito de efetuar o restante do pagamento do veículo comprado em Campina Grande. Aproveitando um descuido, Idalino desfere violento golpe em Aloísio com uma barra de ferro, matando-o imediatamente. O morto é, de pronto, escondido. Entra em seguida Geraldo que também recebe o mesmo tratamento, uma agressão mortal com a mesma barra de ferro. Agora Alcinda e Idalino tornaram - se além de amantes, cúmplices de um duplo e bárbaro crime. No mesmo dia os dois corpos seguiram para o bairro da Barra do Ceará onde foram sepultados em covas rasas, naquele ponto, nas margens do Rio Ceará onde, coincidentemente, o português Martim Soares Moreno fundara o Forte de São Sebastião em 1612. Assim, os dois infelizes comerciantes foram chacinados por um conterrâneo paraibano, em terras cearenses, tendo a trama sido desenrolada em dois pontos que marcaram o nascimento da cidade de Fortaleza, o Forte de Schoonenborch, próximo ao Riacho Pajeú, na área central da cidade e, o Forte de São Sebastião nas margens do Rio Ceará, na zona oeste de Fortaleza. O epílogo deste triste acontecimento policial deu-se com a prisão do casal Idalino e Alcinda que, posteriormente, foram julgados e condenados a penas de 30 anos para ele, e 6 meses para ela.
De lá para cá a cidade de Fortaleza agigantou-se tomando ares de metrópole, situando-se como a quinta maior do Brasil em população estimando-se cerca de 2.609.716 habitantes (IBGE 2016) e mostrando, infelizmente, um assustador índice de violência urbana, deslustrando a singular beleza da Virgem dos Lábios de Mel. Que pena!
Ai de ti, Fortaleza!
Ao derredor espalhavam-se de maneira anárquica, pensões, bares, lojas, hotéis, beirando o Palácio do Bispo. Destacava-se ainda, o Mercado Central com seus inúmeros boxes. De madrugada chegavam comboios de jumentos abarrotados de mercadorias oriundas, principalmente, dos distantes bairros de Messejana (Paupina) e Parangaba (Arronches).
Circulavam no local, caminhões – mistos, posto que, carregavam no mesmo espaço, pessoas, mercadorias e bichos vindo do interior do estado. Logo adiante sobressaia -se o Quartel General da 10ª Região Militar, junto aos restos do antigo Forte de Schoonenborch erigido por Matias Beck durante a permanência dos holandeses por estas bandas em 1649. Ali onde nasceu o burgo aos pés do heroico Riacho Pajeú, espraiava-se a vida citadina com seus variegados personagens como, párocos com batinas longas, negras e puídas, políticos de ternos brancos, catraieiros com sacos equilibrados sobre a cabeça, vendedores ambulantes e, especialmente, as queridas damas-da- noite, habitantes das inúmeras pensões alegres que formavam o colar de pérolas do pecado que envolvia num abraço amoroso aquele bucólico centro de Fortaleza, ainda uma meiga adolescente com vestido de chita.
Vez por outra, soturnas caminhonetes dotadas de negros penachos levando almas recém- desencarnadas, circulavam, lenta e silenciosamente, por uma rua que nascia aos pés da Catedral e desembocava mais adiante no Cemitério de São João Batista.
Reverberava naquela época, de forma contundente nas mesas dos bares da região, um bárbaro fato policial que abalara os arrais da Loura Desposada do Sol, do boêmio Paula Ney. No dia 01 de setembro de 1950, na Pensão da Graça, localizada na Rua Conde D’Eu número 541, o ex-jogador de futebol, atacante do Ceará Sporting Clube, o paraibano José Ramos de Oliveira, conhecido como Idalino, chegou naquele recinto acompanhado dos comerciantes de Campina Grande, Aloísio Millet e Geraldo Castro. Estes haviam vendido para Idalino, um automóvel Chevrolet no valor de 145 contos de réis, constando de uma entrada de 6 contos, ficando o restante a ser pago em Fortaleza. Surge na história a figura de Alcinda Leal, irmã de Graça, que assumira a direção daquela casa noturna e era amásia de Idalino. Enquanto Alcinda dava as boas-vindas aos três homens, Idalino seguia para um quarto na companhia de Aloísio com o intuito de efetuar o restante do pagamento do veículo comprado em Campina Grande. Aproveitando um descuido, Idalino desfere violento golpe em Aloísio com uma barra de ferro, matando-o imediatamente. O morto é, de pronto, escondido. Entra em seguida Geraldo que também recebe o mesmo tratamento, uma agressão mortal com a mesma barra de ferro. Agora Alcinda e Idalino tornaram - se além de amantes, cúmplices de um duplo e bárbaro crime. No mesmo dia os dois corpos seguiram para o bairro da Barra do Ceará onde foram sepultados em covas rasas, naquele ponto, nas margens do Rio Ceará onde, coincidentemente, o português Martim Soares Moreno fundara o Forte de São Sebastião em 1612. Assim, os dois infelizes comerciantes foram chacinados por um conterrâneo paraibano, em terras cearenses, tendo a trama sido desenrolada em dois pontos que marcaram o nascimento da cidade de Fortaleza, o Forte de Schoonenborch, próximo ao Riacho Pajeú, na área central da cidade e, o Forte de São Sebastião nas margens do Rio Ceará, na zona oeste de Fortaleza. O epílogo deste triste acontecimento policial deu-se com a prisão do casal Idalino e Alcinda que, posteriormente, foram julgados e condenados a penas de 30 anos para ele, e 6 meses para ela.
De lá para cá a cidade de Fortaleza agigantou-se tomando ares de metrópole, situando-se como a quinta maior do Brasil em população estimando-se cerca de 2.609.716 habitantes (IBGE 2016) e mostrando, infelizmente, um assustador índice de violência urbana, deslustrando a singular beleza da Virgem dos Lábios de Mel. Que pena!
Ai de ti, Fortaleza!
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