PAI
Um ser
plural, resiliente, inspirador, promotor e defensor do autocuidado (para
consigo), do altercuidado (com o outro), do ecocuidado (com o ambiente) e do
transcuidado (com as fontes provedoras do sentido da vida humana).
Aquele que
também sabe “ padecer no paraíso”, “ com o avental todo sujo de ovo”, “ que
vale mais que o céu e que o mar “, tal qual a sua alma gêmea, surfando nesta
modernidade líquida de Zygmunt Bauman (1917- 2017).
“ Por acaso,
surpreendo-me no espelho: quem é esse/que me olha e é tão mais velho do que eu?
/ porém , seu rosto...é cada vez menos estranho.../ meu Deus, meu
Deus.../parece meu velho que já morreu !/como pude ficarmos assim?/nosso olhar
– duro- interroga :/” o que fizeste de mim ?/eu , pai? Tu é que me
invadiste/lentamente, ruga a ruga... que importa?/ eu sou, ainda,/ aquele mesmo
menino teimoso de sempre/e os teus planos enfim lá se foram por terra/mas sei
que vi, um dia- a longa, a inútil guerra!-/vi sorrir , nesses cansados olhos,
um orgulho triste ... O velho do
espelho, poema de Mário Quintana (1906- 1994) .
Reza uma
lenda indígena que tinha um costume de deslocar os indivíduos mais idosos da
tribo para o cume de uma montanha com o intuito de abandoná-los à sua própria
sorte. Certa feita, num dia de muito frio, um filho que acompanhava o pai
naquele caminho, com o coração cortado, minimizou:
- Pai, vou
deixar este cobertor aqui, para o senhor se proteger deste incômodo frio.
O velho,
calmamente, respondeu:
- Deixe
comigo só a metade do cobertor, filho. Fique com a outra para quando chegar a
sua vez!”
Mande daí,
da morada dos bons, sua benção, meu querido e velho pai!
E, Parabéns
a todos os pais!
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