BRINCANDO COM FOGO
Wernher Von
Braun (1912- 1977), gênio criador dos foguetes V-2, instado pelos chefes
nazistas para apressar a invenção de mortíferos artefatos atômicos por ocasião
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teria declarado: “ Que importa quem ganhe
a guerra? Eu quero é ir à lua! ” E no Japão, na arrasada e pequena Nagasaki, o
prefeito de então, Tsume Tajawa, lembrou: “ Se o Japão possuísse o mesmo tipo
de arma, tê-la-ia usado, também”.
Nos dias
hodiernos, dois pouco convencionais líderes políticos de países, um na América
do Norte, com cerca de 360.000.000 de habitantes e outro no Leste Asiático com
aproximadamente 23.000.000 de habitantes,
encontram-se com as mãos próximas aos botões que podem deflagrar um inimaginável
ataque atômico, um dantesco Apocalipse. Estamos a assistir, uma vez mais, o
deplorável bicho-homem a brincar, irresponsavelmente, com fogo. Tomara que seja
só fabulação de dois histriônicos senhores.
E que Deus
tenha piedade de nós!
“ Pensem nas
crianças mudas telepáticas/pensem nas meninas cegas inexatas/pensem nas
mulheres rotas alteradas/pensem nas feridas como rosas cálidas/mas, oh, não se
esqueçam/da rosa, da rosa, da rosa de Hiroshima/a rosa hereditária/a rosa
radioativa/estúpida e inválida/a rosa com cirrose/a anti-rosa atômica/ sem cor,
sem perfume/sem rosa, sem nada “
Composição “ Rosa de Hiroshima “, de Vinícius de Moraes (1913- 1980).
“ Poetas,
seresteiros, namorados, correi/é chegada a hora de escrever e cantar/talvez as
derradeiras noites de luar/momento histórico, simples resultado do
desenvolvimento da ciência viva/afirmação do homem, normal, gradativa sobre o
universo natural/ sei lá que mais/ah, sim! Os místicos também profetizando o
fim do mundo/e em tudo o início dos tempos do além/em cada consciência, em
todos os confins/da nova guerra ouvem-se os clarins/guerra diferente das
tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais/ e tudo isso em meio
às discussões, muitos palpites, mil opiniões/um fato já existe que ninguém pode
negar,7,6,5,4,3,2,1, já! /e lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi/
lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi/nos jornais, manchetes,
sensação, reportagens, fotos, conclusão:/ a lua foi alcançada afinal, muito
bem, confesso que estou contente, também/a mim me resta disso tudo uma tristeza
só/talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção/o que será do verso sem
luar?/o que será do mar, da flor, do violão ?/tenho pensado tanto, mas não
sei/poeta, seresteiros, namorados , correi/é chegada a hora de escrever e
cantar, talvez as derradeiras noites de luar “
Composição “ Lunik – 9 “ , de Gilberto Gil (1942 -) .
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