sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016


O MITO CAUBY PEIXOTO: 85 ANOS

 

“ Conceição, eu me lembro muito bem / vivia no morro a sonhar / com coisas que o morro não tem / foi então que lá em cima apareceu / alguém que lhe disse a sorrir / que descendo a cidade ela iria subir / se subiu, ninguém sabe ninguém viu / pois hoje o seu nome mudou / e estranhos caminhos pisou/só eu sei que tentando a subida desceu / e agora eu daria um milhão / só pra ver outra vez, Conceição “ .   Conceição de Jair Amorim e Dunga (1956).

No dia 10 de fevereiro de 1931 nasce uma estrela em Niterói, no Rio de Janeiro, com o nome de Caubi Peixoto Barros, em uma família com fortes pendores musicais: o pai tocava violão e a mãe, bandolim. Os irmãos Moacir, Araquém, ambos instrumentistas e a irmã, Andiara era cantora. Tem mais: o tio Romualdo Peixoto (Nonô) era pianista e Ciro Monteiro, cantor e compositor de renome era seu primo.

Começou na vida artística como calouro na Rádio Tupi, aí por volta de 1949. Junto com seu irmão Moacir cantou na boate carioca Casablanca. Em 1951 gravou seu primeiro disco com uma música para o carnaval, “ Saia Branca “. No ano seguinte mudou-se para São Paulo onde cantou nas boates Oasis e Arpège. Na Rádio Excelsior exibia sua potente voz com um repertório de músicas estrangeiras. Voltou em 1954 ao Rio de Janeiro atuando na Rádio Nacional, ao lado de grandes nomes da música de então como, Emilinha Borba, Ângela Maria, Orlando Silva, Silvio Caldas, Dick Farney, Nelson Gonçalves e outros .

“ Senhor , aqui estou de joelhos / trazendo os olhos vermelhos / de chorar , porque pequei /Senhor , foi um erro de momento / não cumpri o mandamento / o nono da Vossa lei /Senhor , eu gostava tanto dela / mas não sabia que ela / a um outro pertencia / perdão , por esse amor que foi cego / por esta cruz que carrego /dia e noite , noite e dia /Senhor , dai-me a Vossa penitência / quase sempre a inconsciência / traz o remorso depois / Mandai para este caso comum/ conformação para um / felicidade pra dois ... “ .   Nono mandamento, composição de René Bittencourt e Raul Sampaio (1957).

“ Ninguém é de ninguém / na vida tudo passa / ninguém é de ninguém / até quem nos abraça/ não há recordação que não tenha seu fim/ ninguém é de ninguém, o mundo é mesmo assim/ Já tive a sensação que amava com fervor /já tive a ilusão que tinha um grande amor / talvez alguém pensou no amor que eu sonhei / e que perdi também / e assim, vi que na vida / ninguém é de ninguém “. Ninguém é de ninguém, composição de Humberto Silva, T. Gomes e L. Mergulhão (1958).

Cauby, que se tornou Ron Coby na América, lançou um disco com a orquestra de Paul Weston, cantando em inglês. Em 1959 passou uma temporada de um ano nos Estados Unidos onde gravou “ Maracangalha “ de Dorival Caymmi vertida para o inglês como “ I Go “. Nas décadas de 60 e 70 Cauby sofreu a pressão do rock que por aqui conquistou os espaços nas rádios e TVs. Nos anos 80 Cauby grava um disco com composições de grandes autores feitas sob medida para ele, como “ Bastidores “ de Chico Buarque. Em 1982 aparece na praça um disco de Cauby com Ângela Maria com sucessos como “ Começaria tudo outra vez, de Gonzaguinha.

“ Se o amor é uma pérola clara / se tem o ardor de um rubi/ se estão nesse amor que devoto a ti /a gema rara e o rubi /se o amor tem fulgor de brilhantes/ fiel como ouro de lei/se o amor é o tesouro que eu encontrei/ no coração eu guardarei/ verás com os lábios nos meus /que é o amor, milagre de Deus “.      A pérola e o rubi, composição de Haroldo Barbosa.

Em 2015 é lançado o documentário “ Começaria tudo outra vez “ sob a direção de Nelson Hoineff , revivendo toda a brilhante trajetória de Cauby Peixoto , sem dúvida um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira .

“ Chorei , chorei , até ficar com dó de mim / e me tranquei no camarim/ tomei um calmante , um excitante e um bocado de gim/amaldiçoei o dia em que te conheci /com muitos brilhos me vesti /depois me pintei, me pintei , me pintei, me pintei /cantei , cantei /como é cruel cantar assim / e, num instante de ilusão / te vi pelo salão a caçoar de mim /não me troquei / voltei correndo ao nosso lar /voltei pra me certificar /que tu nunca mais vais voltar /vais voltar , vais voltar /cantei , cantei / nem sei como cantava assim/ só sei que todo o cabaré /me aplaudiu de pé / quando cheguei ao fim/ mas não bisei / voltei correndo ao nosso lar/ voltei pra me certificar/ que tu nunca mais vais voltar / vais , voltar , vais voltar/ cantei / jamais cantei tão lindo assim/ e os homens lá /pedindo bis /bêbados e febris a se rasgar por mim /chorei , chorei ,até ficar com dó de mim “  . Bastidores, composição de Chico Buarque.

 

 

 

 

 

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