terça-feira, 2 de fevereiro de 2016


JOÃO DE BARRO   -  ALÔ CARNAVAL

“Lourinha, lourinha / dos olhos claros de cristal / desta vez em vez da moreninha / serás a rainha do meu carnaval / loura boneca / que vens de outra terra / que vens da Inglaterra / ou vens de Paris /quero te dar / o meu amor mais quente / do que o sol ardente / deste meu país /linda lourinha/ tens o olhar tão claro / deste azul tão raro /como um céu de anil / mas as tuas faces /vão ficar morenas / como as das pequenas / deste meu país “.

Carlos Alberto Ferreira Braga (1907 – 2006), compositor, cantor, cineasta e dublador, nasceu no dia 29 de março de 1907 no estado do Rio de Janeiro. Conhecido também por Carlinhos, Braguinha ou João de Barro. Seus pais foram Jerônimo José Ferreira Braga Neto e Carmen Beirão Ferreira Braga.  Estudou no Jardim da Infância Marechal Hermes, o curso primário deu- se na Escola Joaquim Nabuco, o ginasial no Colégio Santo Inácio, concluindo por fim seus estudos no Colégio Batista.

Em 1927 formou um grupo musical denominado “ Flor do Tempo “ que desaguou no “ Bando de Tangarás “ em 1929 acolhendo dois pesos pesados oriundos da Vila Isabel: Almirante (1908 – 1980) e Noel Rosa (1910- 1937). Neste período adotou o nome de João de Barro, um pequeno pássaro arquiteto. Consta que Braguinha cursou até o segundo ano da Faculdade de Arquitetura e largou tudo para se dedicar ao mundo da música popular, inicialmente como cantor e depois como um brilhante compositor de sucessos carnavalescos. Com um grande parceiro, Alberto Ribeiro (1902- 1971) deixou clássicos como:

“ Uma andorinha não faz verão “:

 Vem moreninha / vem tentação /não andes assim tão sozinha / que uma andorinha /não faz verão/ dizem morena/que teu olhar/ tem correntes de luz/ que faz secar /o povo anda dizendo / que essa luz do teu olhar / a light vai mandar cortar.

“ Balancê”:

 Ô balancê, balancê /quero dançar com você / entra na roda / morena, pra ver/ o balancê, balancê /quando por mim você passa / fingindo que não me vê/ meu coração quase se despedaça /no balancê, balancê /você foi minha cartilha/ você foi meu abc /e por isso eu sou/ a maior maravilha / no balancê, balancê / eu levo a vida pensando/ pensando só em você /e o tempo passa e eu vou me acabando/ no balancê, balancê.

Em 1935 Braguinha iniciou sua jornada no cinema, colaborando no roteiro, argumento e direção do filme “ Alô, alô, Brasil  " e nos anos de 1938 em “ Banana da Terra “ e “ Laranja da Terra “ em 1940.

Em 1937 Braguinha colocou letra num choro do genial Pixinguinha (1897 – 1973) denominado “ Carinhoso “:

 Meu coração, não sei porque/ bate feliz quando te vê /e os meus olhos ficam sorrindo /e pelas ruas vão te seguindo /mas mesmo assim foges de mim/ah, se tu soubesses/ como eu sou tão carinhoso/ e o muito, muito que te quero /e como é sincero o meu amor/eu sei que tu não fugirias mais de mim /vem, vem, vem, vem /vem sentir o calor dos lábios meus / à procura dos teus / vem matar essa paixão/que me devora o coração / e só assim então serei feliz/ bem feliz.

Braguinha casa-se em 1938 com Astrea Rabelo Cantolino com quem tem uma filha de nome Maria Cecília. Na década de 40 encontramos o compositor dublando filmes e elaborando canções para peças infantis. Desta época aparecem os clássicos:

“ Pela estrada a fora, eu vou bem sozinha/ levar estes doces para a vovozinha /a estrada é longa, o caminho é deserto/ e o lobo mau passeia aqui por perto / mas à tardinha, ao sol poente/ junto à mamãezinha dormirei contente “

“ Eu sou o lobo mau/ lobo mau, lobo mau / eu pego as criancinhas pra fazer mingau! /hoje estou contente/ vai haver festança / tenho um bom petisco/para encher a minha pança “

Em 1984, por ocasião da inauguração do Sambódromo, Braguinha participou do desfile carnavalesco pela agremiação campeã, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira com o tema Yes, nós temos Braguinha.

O Prêmio Shell para Música Brasileira alcança Braguinha em 1985 e a Medalha Pedro Ernesto em 1997 outorgada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Braguinha viveu uma longa e profícua existência de quase um século (99 anos), fato raro na classe artística brasileira, uma gente com pressa de viver: Noel Rosa (26 anos), Carmen Miranda (45 anos), Elis Regina (36 anos), Dolores Duran (29 anos), Clara Nunes (39 anos) e Geraldo Pereira (37 anos).

Por muito tempo ainda embalarão os foliões, os sucessos carnavalescos de Braguinha como: Turma do Funil; Touradas de Madrid; Yes, nós temos banana ; Twist no Carnaval ; Pastorinhas .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário