JOÃO DE BARRO - ALÔ
CARNAVAL
“Lourinha, lourinha / dos olhos claros de cristal / desta
vez em vez da moreninha / serás a rainha do meu carnaval / loura boneca / que
vens de outra terra / que vens da Inglaterra / ou vens de Paris /quero te dar /
o meu amor mais quente / do que o sol ardente / deste meu país /linda lourinha/
tens o olhar tão claro / deste azul tão raro /como um céu de anil / mas as tuas
faces /vão ficar morenas / como as das pequenas / deste meu país “.
Carlos Alberto Ferreira Braga (1907 – 2006), compositor,
cantor, cineasta e dublador, nasceu no dia 29 de março de 1907 no estado do Rio
de Janeiro. Conhecido também por Carlinhos, Braguinha ou João de Barro. Seus
pais foram Jerônimo José Ferreira Braga Neto e Carmen Beirão Ferreira Braga. Estudou no Jardim da Infância Marechal Hermes,
o curso primário deu- se na Escola Joaquim Nabuco, o ginasial no Colégio Santo
Inácio, concluindo por fim seus estudos no Colégio Batista.
Em 1927 formou um grupo musical denominado “ Flor do Tempo “
que desaguou no “ Bando de Tangarás “ em 1929 acolhendo dois pesos pesados
oriundos da Vila Isabel: Almirante (1908 – 1980) e Noel Rosa (1910- 1937).
Neste período adotou o nome de João de Barro, um pequeno pássaro arquiteto.
Consta que Braguinha cursou até o segundo ano da Faculdade de Arquitetura e
largou tudo para se dedicar ao mundo da música popular, inicialmente como
cantor e depois como um brilhante compositor de sucessos carnavalescos. Com um
grande parceiro, Alberto Ribeiro (1902- 1971) deixou clássicos como:
“ Uma andorinha não faz verão “:
Vem moreninha / vem
tentação /não andes assim tão sozinha / que uma andorinha /não faz verão/ dizem
morena/que teu olhar/ tem correntes de luz/ que faz secar /o povo anda dizendo
/ que essa luz do teu olhar / a light vai mandar cortar.
“ Balancê”:
Ô balancê, balancê
/quero dançar com você / entra na roda / morena, pra ver/ o balancê, balancê
/quando por mim você passa / fingindo que não me vê/ meu coração quase se
despedaça /no balancê, balancê /você foi minha cartilha/ você foi meu abc /e
por isso eu sou/ a maior maravilha / no balancê, balancê / eu levo a vida
pensando/ pensando só em você /e o tempo passa e eu vou me acabando/ no
balancê, balancê.
Em 1935 Braguinha iniciou sua jornada no cinema, colaborando
no roteiro, argumento e direção do filme “ Alô, alô, Brasil " e nos anos de 1938
em “ Banana da Terra “ e “ Laranja da Terra “ em 1940.
Em 1937 Braguinha colocou letra num choro do genial
Pixinguinha (1897 – 1973) denominado “ Carinhoso “:
Meu coração, não sei
porque/ bate feliz quando te vê /e os meus olhos ficam sorrindo /e pelas ruas
vão te seguindo /mas mesmo assim foges de mim/ah, se tu soubesses/ como eu sou
tão carinhoso/ e o muito, muito que te quero /e como é sincero o meu amor/eu
sei que tu não fugirias mais de mim /vem, vem, vem, vem /vem sentir o calor dos
lábios meus / à procura dos teus / vem matar essa paixão/que me devora o
coração / e só assim então serei feliz/ bem feliz.
Braguinha casa-se em 1938 com Astrea Rabelo Cantolino com
quem tem uma filha de nome Maria Cecília. Na década de 40 encontramos o
compositor dublando filmes e elaborando canções para peças infantis. Desta
época aparecem os clássicos:
“ Pela estrada a fora, eu vou bem sozinha/ levar estes doces
para a vovozinha /a estrada é longa, o caminho é deserto/ e o lobo mau passeia
aqui por perto / mas à tardinha, ao sol poente/ junto à mamãezinha dormirei
contente “
“ Eu sou o lobo mau/ lobo mau, lobo mau / eu pego as
criancinhas pra fazer mingau! /hoje estou contente/ vai haver festança / tenho
um bom petisco/para encher a minha pança “
Em 1984, por ocasião da inauguração do Sambódromo, Braguinha
participou do desfile carnavalesco pela agremiação campeã, a escola de samba
Estação Primeira de Mangueira com o tema Yes, nós temos Braguinha.
O Prêmio Shell para Música Brasileira alcança Braguinha em
1985 e a Medalha Pedro Ernesto em 1997 outorgada pela Câmara Municipal do Rio
de Janeiro.
Braguinha viveu uma longa e profícua existência de quase um
século (99 anos), fato raro na classe artística brasileira, uma gente com
pressa de viver: Noel Rosa (26 anos), Carmen Miranda (45 anos), Elis Regina (36
anos), Dolores Duran (29 anos), Clara Nunes (39 anos) e Geraldo Pereira (37
anos).
Por muito tempo ainda embalarão os foliões, os sucessos
carnavalescos de Braguinha como: Turma do Funil; Touradas de Madrid; Yes, nós
temos banana ; Twist no Carnaval ; Pastorinhas .
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