MARCHINHAS POLÍTICAS
ANTIGAS DE CARNAVAL
Desde o ponta – pé inicial promovido pela maestrina
Chiquinha Gonzaga (1847- 1935) com “ Ó Abre Alas “ em 1899, músicas são
elaboradas, especificamente, para o período carnavalesco. A motivação política
se insere como a mais excitante performance.
“ Lá vem o cordão dos puxa-sacos/ dando vivas aos seus
maiorais / quem está na frente é passado pra trás/ e o cordão dos puxa- sacos /
cada vez aumenta mais / Vossa Excelência / Vossa Eminência /quanta reverência
nos cordões eleitorais / mas se o “ Doutor “ cai do galho e vai ao chão / a
turma logo evolui de opinião /e o cordão dos puxa – sacos cada vez aumenta mais
“.
Em Fortaleza esta música era cantada, à época, com outra
letra fazendo menção às garotas que namoraram com os gringos da Vila Morena: “
Lá vem o Cordão das Coca- Colas dando vivas aos americanos .... “ . Coisas do
Ceará – Moleque.
A seguinte, “ Maria Candelária “ representa um tipo sempre
presente na dadivosa vida pública brasileira:
“ Maria candelária/ é alta funcionária / saltou de
paraquedas/ caiu na letra “ O “, oh, oh, oh, oh /começa ao meio-dia/ coitada da
Maria /trabalha, trabalha, trabalha de fazer dó, oh, oh, oh, oh / à uma vai ao
dentista / às duas vai ao café/ às três vai à modista /às quatro assina o ponto
e dá no pé / que grande vigarista que ela é “.
A marchinha seguinte era uma preparação para o retorno
triunfal do “ Pai dos Pobres “ Getúlio Vargas (1883 – 1954), carismático líder
populista que “ saiu da vida para entrar na história “:
“ Bota o retrato do velho outra vez / bota no mesmo lugar /o
sorriso do velhinho / faz a gente trabalhar / eu, já botei o meu / e tu, não
vai botar? /já enfeitei o meu / e tu vais enfeitar ?/o sorriso do velhinho faz
a gente trabalhar “.
A próxima marchinha contempla o enigmático “ salvador da
pátria “ Jânio Quadros (1917 – 1992) que se elegeu Presidente da República em 3
de outubro de 1960, assumindo o cargo em 31 de janeiro de 1961, tendo como vice
João Goulart (1919 – 1976). Durou pouco tempo o mandato de Jânio (27 de agosto
de 1960) que deixou o país a ver navios:
“ Varre, varre, varre, varre vassourinha /varre, varre a
bandalheira! / que o povo já tá cansado/ de sofrer desta maneira /Jânio Quadros
é a esperança desse povo abandonado!/ Jânio Quadros é a certeza de um Brasil ,
moralizado !/alerta , meu irmão!/ vassoura , conterrâneo!/ vamos vencer com
Jânio ! “ .
E estamos hoje em 2016, cansados e desiludidos, igual a “
Cantiga da Perua “, mas com um mundo de motivos para banhar este país com
marchinhas carnavalescas:
“ Meu latim com você não gasto mais /está tudo acabado ,
aqui jaz / nosso amor virou rancor / não me escreva nunca mais /guarde bem sua
cartinha /eu não vou ficar sozinha/ pra sempre eu serei amada/ e você meu ex-
amor será motivo de piada “ /.
Comenta- se que a ressaca deste ano ficará para a história,
semelhante àquele do famigerado “ Baile da Ilha Fiscal “.
Imagine o tamanho da ressaca política após o carnaval.
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