domingo, 7 de fevereiro de 2016


MARCHINHAS POLÍTICAS ANTIGAS DE CARNAVAL

Desde o ponta – pé inicial promovido pela maestrina Chiquinha Gonzaga (1847- 1935) com “ Ó Abre Alas “ em 1899, músicas são elaboradas, especificamente, para o período carnavalesco. A motivação política se insere como a mais excitante performance.

“ Lá vem o cordão dos puxa-sacos/ dando vivas aos seus maiorais / quem está na frente é passado pra trás/ e o cordão dos puxa- sacos / cada vez aumenta mais / Vossa Excelência / Vossa Eminência /quanta reverência nos cordões eleitorais / mas se o “ Doutor “ cai do galho e vai ao chão / a turma logo evolui de opinião /e o cordão dos puxa – sacos cada vez aumenta mais “.

Em Fortaleza esta música era cantada, à época, com outra letra fazendo menção às garotas que namoraram com os gringos da Vila Morena: “ Lá vem o Cordão das Coca- Colas dando vivas aos americanos .... “ . Coisas do Ceará – Moleque.

A seguinte, “ Maria Candelária “ representa um tipo sempre presente na dadivosa vida pública brasileira: 

“ Maria candelária/ é alta funcionária / saltou de paraquedas/ caiu na letra “ O “, oh, oh, oh, oh /começa ao meio-dia/ coitada da Maria /trabalha, trabalha, trabalha de fazer dó, oh, oh, oh, oh / à uma vai ao dentista / às duas vai ao café/ às três vai à modista /às quatro assina o ponto e dá no pé / que grande vigarista que ela é “.

A marchinha seguinte era uma preparação para o retorno triunfal do “ Pai dos Pobres “ Getúlio Vargas (1883 – 1954), carismático líder populista que “ saiu da vida para entrar na história “:

“ Bota o retrato do velho outra vez / bota no mesmo lugar /o sorriso do velhinho / faz a gente trabalhar / eu, já botei o meu / e tu, não vai botar? /já enfeitei o meu / e tu vais enfeitar ?/o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar “.

A próxima marchinha contempla o enigmático “ salvador da pátria “ Jânio Quadros (1917 – 1992) que se elegeu Presidente da República em 3 de outubro de 1960, assumindo o cargo em 31 de janeiro de 1961, tendo como vice João Goulart (1919 – 1976). Durou pouco tempo o mandato de Jânio (27 de agosto de 1960) que deixou o país a ver navios:

“ Varre, varre, varre, varre vassourinha /varre, varre a bandalheira! / que o povo já tá cansado/ de sofrer desta maneira /Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!/ Jânio Quadros é a certeza de um Brasil , moralizado !/alerta , meu irmão!/ vassoura , conterrâneo!/ vamos vencer com Jânio ! “ .

E estamos hoje em 2016, cansados e desiludidos, igual a “ Cantiga da Perua “, mas com um mundo de motivos para banhar este país com marchinhas carnavalescas:

“ Meu latim com você não gasto mais /está tudo acabado , aqui jaz / nosso amor virou rancor / não me escreva nunca mais /guarde bem sua cartinha /eu não vou ficar sozinha/ pra sempre eu serei amada/ e você meu ex- amor será motivo de piada “ /.

Comenta- se que a ressaca deste ano ficará para a história, semelhante àquele do famigerado “ Baile da Ilha Fiscal “.

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