O INTIMORATO RODOLFO
TEÓFILO
Rodolfo Marcos Teófilo (1853 – 1932), filho de Marcos José
Teófilo (médico) e de Antônia Josefina Sarmento, nasceu no dia 5 de março de
1853 em Salvador, na Bahia. Com pouco mais de mês de vida, sua família mudou-se
para Fortaleza, onde o garoto Rodolfo foi batizado na Igreja do Rosário. Cedo,
aos 4 anos de idade, ficou órfão de mãe. O Dr. Marcos, seu genitor casou com
uma cunhada, Guilhermina que lhe deu mais três filhos, perfazendo uma prole de
sete almas. Aos 11 anos de idade Rodolfo tornou-se órfão com o desaparecimento
do Dr. Marcos Teófilo. A partir de então sérias dificuldades financeiras sua
família enfrentaria. Os estudos primários de Rodolfo foram bancados por um tio
comerciante, José Antônio da Costa e Silva, junto ao Colégio Atheneu Cearense. Aos
14 anos de idade, Rodolfo passa a trabalhar na Casa Albano, pertencente ao
futuro Barão de Aratanha, ocupando função de Caixeiro – Vassoura. Com
pretensões de seguir a profissão do pai e do avô, ambos médicos, o jovem Rodolfo
Teófilo tomou o rumo da Bahia onde frequentou, no entanto, o curso superior de
Farmácia.
Concluindo os estudos
com distinção, Rodolfo Teófilo retorna em 1875 ao Ceará onde instala uma botica
na cidade de Pacatuba. Em 1877 transfere-se para Fortaleza, passando a
trabalhar na Rua da Palma, atual Rua Major Facundo, em uma farmácia de sua
propriedade. Rodolfo contrai matrimônio com a Sra. Raimunda Cabral, filha do
Comendador Antônio Cabral de Melo, de Pacatuba.
Rodolfo Teófilo
assistiu com pesar a terrível seca de 1888, quando num só dia foram sepultadas
1004 pessoas. Outras tragédias ao longo da vida fariam parte da luta inglória
deste bravo lutador, a despeito dos escassos meios que a medicina de então
oferecia a todos. Em 1900 Rodolfo realiza um estágio no Instituto Vacinogênico
da Bahia e de pronto traz a novidade para Fortaleza onde constrói um
laboratório (Vacinogênico Rodolfo Teófilo) em sua residência na atual Avenida
da Universidade. O ambiente político na época mostrava- se, particularmente
carregado com figuras públicas truculentas e controversas como o jornalista
João Brígido e o governador do estado Antônio Pinto Nogueira Accioly a moverem
ferrenha perseguição ao valente nascido baiano, mas o mais autêntico cabeça –
chata: “ Sou cearense porque quero “.
Rodolfo Teófilo, um verdadeiro Dom Quixote, praticamente
isolado terça armas contra males que abatem há séculos a sofrida população
cearense. Peregrina de casa em casa vacinando e tratando almas, retirando tais
infelizes criaturas das mãos da Parca.
Em meio a todo um insano trabalho contra as intempéries, o
bravo quixote tecia uma vigorosa obra literária enfeixada em 28 livros entre
ensaios, crônicas, romances e poesias. Com frio bisturi da razão corta a carne
putrefata dos diversos males empregando uma linguagem bem urdida e facilmente
entendida por todos.
Assim surgiram:
História da Seca do
Ceará ( 1883 ) ; Monografia de Mucunã (1888 ); Ciência Natural em Contos ( 1889
); Botânica Elementar ( 1889 ); A Violação (1889 ); A Fome ( 1890 ); Cartas
Literárias (1895 ) ; Os Brilhantes ( 1895 ); Maria Rita ( 1897 ) ; O Paroara (1899
); Secas do Ceará - Segunda Metade do
Século XIX ( 1901 ); Varíola e vacinação no Ceará ( 1904 ); Violência (1905 ) ;
O Conduru ( 1910 ) ; Varíola e Vacinação no Ceará – 2° Parte ( 1910 ); Memórias
de um Engrossador ( 1910 ) ; Lira Rústica ( 1913 ) ; Telésias ( 1913 ) ;
Libertação do Ceará ( 1914 ); A sedição de Juazeiro ( 1915 ) ; Cenas e Tipos (
1919 ) ; Reino de Kiato ( 1922 ); A Seca de 1915 ( 1922 ) ; A Seca de 1919 (
1922 ) ; Os Meus Zoilos (1924 ) ; O Caixeiro ( 1926 ) ; Coberta de Tacos ( 1931
).
A Participação de Rodolfo Teófilo em entidades culturais foi
múltipla:
Fundação do Clube Literário em 1886 junto com outros
intelectuais de destaque: Farias Brito, Justiniano de Serpa, Juvenal Galeno, Antônio
Bezerra e Antônio Martins.
Padaria Espiritual, o mais importante movimento literário
cearense fundado em 1892 onde Rodolfo Teófilo adotou o nome de Marcos Serrano e
exerceu o digno cargo de Padeiro Mor (1896- 1898).
Instituto do Ceará, ingressando em 24 de dezembro de 1912.
Academia Cearense de Letras: admitido em 1892 para a Cadeira
de número 36.
A Cajuína, uma bebida não alcoólica de sabor agradável foi
uma invenção do irrequieto Rodolfo Teófilo, assim como o vinho do caju.
Vacinas, xaropes, pomadas faziam parte da rica produção farmacêutica de Rodolfo Teófilo.
As seguintes comendas foram outorgadas ao nobre cearense
Rodolfo Teófilo:
Comenda do Oficialato da Rosa, por sua atuação na luta pela
libertação dos escravos, conferida pelo Imperador Pedro II.
O título de Varão Benemérito da Pátria outorgado pelo Congresso
Nacional.
Em 02 de julho de 1932, aos 79 anos, parte o intimorato
Rodolfo Teófilo para prosseguir sua batalha noutras plagas deste multiverso
deixando imenso vácuo nas Letras e Ciências deste sofrido chão do Ceará.
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