domingo, 5 de fevereiro de 2017

GÊMEOS SIAMESES E UM POEMA




Tratam- se de indivíduos que nascem unidos entre si por alguma porção do corpo (cabeça ou cefalópago; tórax ou xifópago; abdome ou onfalópago; e, coluna ou pigópago ). Todos resultam de uma gravidez de gêmeos verdadeiros. São do mesmo sexo e geneticamente idênticos. Incide em 1: 100.000 partos. Toma a denominação de gemelidade imperfeita e representa 1 :600 nascimentos de gêmeos.

Popularmente conhecidos como siameses para lembrar o país de origem dos mais famosos gêmeos da história deste tipo de anomalia: Sião, ou estado siamês, antiga denominação da atual Tailândia. Chang e Eng nasceram no Sião em 1811 e percorreram o mundo durante 63 anos. Casaram-se com duas irmãs, Adelaide e Sarah Anne Yates. Compartilharam a mesma casa durante longo tempo até que as ditas irmãs brigaram e foram cada qual, as irmãs é claro, para o seu lado. A partir de então, Chang e Eng faziam o percurso rotineiro entre as duas casas. A tempo, geraram 22 filhos ,10 um e 12 outro, respectivamente. Destes rebentos, apenas dois portavam deficiência auditiva.
Chang e Eng, inteligentes e astutos, trabalharam em atividades circenses como acrobatas, mágicos e humoristas, em várias temporadas no famoso Circo Barnum & Baily.
Na época em que viveram, as cirurgias de separação dos corpos, quase sempre, resultavam em morte. Em 1870 Chang sofreu um derrame cerebral que deixou paralítico a parte direita de seu corpo. Em 1874, aos 63 anos de idade Chang morreu de pneumonia. Eng não permitiu a cirurgia para a urgente separação de corpos e poucas horas depois, faleceu de causas naturais.

“ Mulher, nasci , quando contigo casei./ eu era, na imaturidade inupta / o feto inconcluso/teu amor me deu à luz/ e, na teratologia humana/ não sei de caso igual: / eu e tu ficamos xifópagos/os nossos corações estão pregados / os nossos olhos , idem/ os nossos lábios , idem./e se nessa união ,mais que visceral /sempre andamos juntos/ vendo eu o que tu vês / sentindo tu o que eu sinto/outro fenômeno de natureza superior/ vem conosco ocorrendo:/nossas almas se entrelaçam/ e , caminham , mãos postas , para Deus./ viajo agora./asas metálicas/ como lâminas de tesoura cirúrgica/ me separaram de ti materialmente, fisicamente/foi a operação – xifopagia /milhares de milhas aéreas nos separam/ todavia, o milagre da justaposição continuou/ continuou espiritualmente / continuou sublimadamente/ nunca , mulher / estive mais próximo de ti/ sinto nas veias teu sangue correr/ sinto no cérebro as tuas ideias afins/sinto no peito o ritmo do teu pulso/ sinto na fiel ausência/ a tua castidade conjugal/e nos teus ouvidos surdos como os meus/às vozes da sedução e do tumulto/ hás de estar escutando/ na mais alta ciclagem/ a música da saudade/ o apelo do carinho/ e o tropismo recíproco e real/ dos irmãos siameses/ somos, na verdade , mais que destinos gêmeos/que linhas paralelas/ que corpos bivalentes :/o mistério ou o impossível matemático da soma de unidades heterogêneas ... “

Operação – Xipofagia , mimoso ramalhete de flores saído das mãos castas do fortalezense João Jacques Ferreira Lopes (1910 – 1999), jornalista, cronista, poeta e pintor . Tal poema encontra-se inserido no livro” A Grande Viagem “ editado em 1966, com apresentação do príncipe Artur Eduardo Benevides.
O tal livro trata de uma viagem  de “ mil e uma horas “ aos Estados Unidos da América realizada por João Jacques e outros seus colegas de trabalho, como cortesia do governo americano para aprofundar a amizade entre os povos latinos  que estavam , na época , sob a ameaça da 
“ foice e do martelo “ !



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