GÊMEOS SIAMESES E UM
POEMA
Tratam- se de indivíduos que nascem unidos entre si por
alguma porção do corpo (cabeça ou cefalópago; tórax ou xifópago; abdome ou
onfalópago; e, coluna ou pigópago ). Todos resultam de uma gravidez de gêmeos
verdadeiros. São do mesmo sexo e geneticamente idênticos. Incide em 1: 100.000
partos. Toma a denominação de gemelidade imperfeita e representa 1 :600
nascimentos de gêmeos.
Popularmente conhecidos como siameses para lembrar o país de
origem dos mais famosos gêmeos da história deste tipo de anomalia: Sião, ou
estado siamês, antiga denominação da atual Tailândia. Chang e Eng nasceram no
Sião em 1811 e percorreram o mundo durante 63 anos. Casaram-se com duas irmãs,
Adelaide e Sarah Anne Yates. Compartilharam a mesma casa durante longo tempo
até que as ditas irmãs brigaram e foram cada qual, as irmãs é claro, para o seu
lado. A partir de então, Chang e Eng faziam o percurso rotineiro entre as duas
casas. A tempo, geraram 22 filhos ,10 um e 12 outro, respectivamente. Destes
rebentos, apenas dois portavam deficiência auditiva.
Chang e Eng, inteligentes e astutos, trabalharam em atividades
circenses como acrobatas, mágicos e humoristas, em várias temporadas no famoso
Circo Barnum & Baily.
Na época em que viveram, as cirurgias de separação dos
corpos, quase sempre, resultavam em morte. Em 1870 Chang sofreu um derrame
cerebral que deixou paralítico a parte direita de seu corpo. Em 1874, aos 63
anos de idade Chang morreu de pneumonia. Eng não permitiu a cirurgia para a
urgente separação de corpos e poucas horas depois, faleceu de causas naturais.
“ Mulher, nasci , quando contigo casei./ eu era, na
imaturidade inupta / o feto inconcluso/teu amor me deu à luz/ e, na teratologia
humana/ não sei de caso igual: / eu e tu ficamos xifópagos/os nossos corações
estão pregados / os nossos olhos , idem/ os nossos lábios , idem./e se nessa
união ,mais que visceral /sempre andamos juntos/ vendo eu o que tu vês /
sentindo tu o que eu sinto/outro fenômeno de natureza superior/ vem conosco
ocorrendo:/nossas almas se entrelaçam/ e , caminham , mãos postas , para Deus./
viajo agora./asas metálicas/ como lâminas de tesoura cirúrgica/ me separaram de
ti materialmente, fisicamente/foi a operação – xifopagia /milhares de milhas
aéreas nos separam/ todavia, o milagre da justaposição continuou/ continuou
espiritualmente / continuou sublimadamente/ nunca , mulher / estive mais
próximo de ti/ sinto nas veias teu sangue correr/ sinto no cérebro as tuas
ideias afins/sinto no peito o ritmo do teu pulso/ sinto na fiel ausência/ a tua
castidade conjugal/e nos teus ouvidos surdos como os meus/às vozes da sedução e
do tumulto/ hás de estar escutando/ na mais alta ciclagem/ a música da saudade/
o apelo do carinho/ e o tropismo recíproco e real/ dos irmãos siameses/ somos,
na verdade , mais que destinos gêmeos/que linhas paralelas/ que corpos
bivalentes :/o mistério ou o impossível matemático da soma de unidades
heterogêneas ... “
Operação – Xipofagia , mimoso ramalhete de flores saído das
mãos castas do fortalezense João Jacques Ferreira Lopes (1910 – 1999),
jornalista, cronista, poeta e pintor . Tal poema encontra-se inserido no livro”
A Grande Viagem “ editado em 1966, com apresentação do príncipe Artur Eduardo
Benevides.
O tal livro trata de uma viagem de “ mil e uma horas “ aos Estados Unidos da
América realizada por João Jacques e outros seus colegas de trabalho, como
cortesia do governo americano para aprofundar a amizade entre os povos
latinos que estavam , na época , sob a
ameaça da
“ foice e do martelo “ !
“ foice e do martelo “ !
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