domingo, 26 de fevereiro de 2017

BRASIL TERRA DE CONTRASTES



“ Lourinha, lourinha/dos olhos claros de cristal/desta vez em vez da moreninha/serás a rainha do meu carnaval/loura boneca que vens de outra terra/que vens de Inglaterra/ ou que vens de Paris/quero te dar o meu amor mais quente/do que o sol ardente/deste meu país/linda lourinha tens olhar tão claro/deste azul tão raro como um céu de anil/mas tuas faces vão ficar morenas/como as das pequenas deste meu Brasil”        
 Linda Lourinha, de autoria de Braguinha (1907 - 2006).

No ano sabático de 1964 era lançado o livro “ Brasil Terra de Contrastes “ do sociólogo francês Roger Bastide (1898 – 1974) onde o autor vai um passo além do famoso “ Casa – Grande e Senzala “ do pernambucano Gilberto Freyre (1900 – 1987).
No período carnavalesco desenha-se no Brasil lindo e trigueiro uma metáfora do país do futuro que nunca chega. De braços dados numa insânia feérica desfilam ricos e pobres; brancos e negros; o luxo e a miséria num cadinho grotesco.

Neste transe de loucura coletiva insinuam- se bicheiros, policiais, gente de alto calibre integrante dos três poderes da república, irmanados com bandidos de alta periculosidade. Somem das telinhas da TV e da mídia em geral assuntos áridos como estados falidos, dívida pública, violência urbana, caos na educação e na saúde pública. Tudo segue junto varrido para baixo do tapete da irresponsabilidade. Importa a gandaia perfeita de curta e explosiva duração, posto que, ninguém é de ferro.

O Ministério da Saúde do Governo Federal disponibiliza 74 milhões de preservativos masculinos e 3,1 milhões de preservativos femininos na intenção de conter os alarmantes índices das Doenças Sexualmente Transmissíveis e da emergência imprópria de gravidezes indesejadas carregando em seu bojo as recorrentes tragédias anunciadas.

Logo mais irão inundar os ambulatórios de DST espalhados por todo o país os casos de “ esquentamento = gonorreia “ ; “cavalo de crista = HPV “; “ cancro duro = sífilis; “ cancro mole = H. ducreyi “, além de Hepatite B e C; Herpes oral e genital ; infecção por clamídia  e infecção por HIV.
Em distintos momentos: em dois meses surgirão os episódios de abortamento e em nove meses virá ao mundo uma leva de inocentes ”comedores de rapadura” e de “cabritinhas“ frutos da farra de momo. Ano após ano a tragédia se repete, incólume, tudo em nome de Baco e de um “ Zé Pereira que a ninguém faz mal! “.

“Até amanhã se Deus quiser/se não chover eu volto pra te ver /oh, mulher/de ti gosto mais que outra qualquer/não vou por gosto/o destino é quem quer/adeus é pra quem deixa a vida/é sempre na certa em que eu jogo/três palavras vou gritar por despedida :/até amanhã, até já, até logo! /o mundo é um samba em que eu danço/sem nunca sair do meu trilho/vou cantando o teu nome sem descanso/pois do meu samba tu és o estribilho “

Até amanhã de autoria de Noel Rosa (1910- 1937).








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