BRASIL TERRA DE
CONTRASTES
“ Lourinha, lourinha/dos olhos claros de cristal/desta vez
em vez da moreninha/serás a rainha do meu carnaval/loura boneca que vens de
outra terra/que vens de Inglaterra/ ou que vens de Paris/quero te dar o meu
amor mais quente/do que o sol ardente/deste meu país/linda lourinha tens olhar
tão claro/deste azul tão raro como um céu de anil/mas tuas faces vão ficar
morenas/como as das pequenas deste meu Brasil”
Linda Lourinha, de
autoria de Braguinha (1907 - 2006).
No ano sabático de 1964 era lançado o livro “ Brasil Terra
de Contrastes “ do sociólogo francês Roger Bastide (1898 – 1974) onde o autor
vai um passo além do famoso “ Casa – Grande e Senzala “ do pernambucano Gilberto
Freyre (1900 – 1987).
No período carnavalesco desenha-se no Brasil lindo e
trigueiro uma metáfora do país do futuro que nunca chega. De braços dados numa
insânia feérica desfilam ricos e pobres; brancos e negros; o luxo e a miséria
num cadinho grotesco.
Neste transe de loucura coletiva insinuam- se bicheiros,
policiais, gente de alto calibre integrante dos três poderes da república,
irmanados com bandidos de alta periculosidade. Somem das telinhas da TV e da
mídia em geral assuntos áridos como estados falidos, dívida pública, violência
urbana, caos na educação e na saúde pública. Tudo segue junto varrido para
baixo do tapete da irresponsabilidade. Importa a gandaia perfeita de curta e
explosiva duração, posto que, ninguém é de ferro.
O Ministério da Saúde do Governo Federal disponibiliza 74
milhões de preservativos masculinos e 3,1 milhões de preservativos femininos na
intenção de conter os alarmantes índices das Doenças Sexualmente Transmissíveis
e da emergência imprópria de gravidezes indesejadas carregando em seu bojo as
recorrentes tragédias anunciadas.
Logo mais irão inundar os ambulatórios de DST espalhados por
todo o país os casos de “ esquentamento = gonorreia “ ; “cavalo de crista = HPV
“; “ cancro duro = sífilis; “ cancro mole = H. ducreyi “, além de Hepatite B e
C; Herpes oral e genital ; infecção por clamídia e infecção por HIV.
Em distintos momentos: em dois meses surgirão os episódios
de abortamento e em nove meses virá ao mundo uma leva de inocentes ”comedores
de rapadura” e de “cabritinhas“ frutos da farra de momo. Ano após ano a
tragédia se repete, incólume, tudo em nome de Baco e de um “ Zé Pereira que a
ninguém faz mal! “.
“Até amanhã se Deus quiser/se não chover eu volto pra te ver
/oh, mulher/de ti gosto mais que outra qualquer/não vou por gosto/o destino é
quem quer/adeus é pra quem deixa a vida/é sempre na certa em que eu jogo/três
palavras vou gritar por despedida :/até amanhã, até já, até logo! /o mundo é um
samba em que eu danço/sem nunca sair do meu trilho/vou cantando o teu nome sem
descanso/pois do meu samba tu és o estribilho “
Até amanhã de autoria
de Noel Rosa (1910- 1937).
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