CACASO: VITA BREVIS
“ Seu amor me furta/seu horror me encanta/minha vida é curta/ minha fome é tanta/minha carne é fraca/minha paz é louca/minha dor é farta/minha parte é pouca/minha cova é rasa/meu lamento é mudo/seu amor me arrasa/sua ausência é tudo/minha sorte é cega/sua luz me esconde/minha morte é certa/meu lugar é onde/seu carinho é pena/seu amor é mando/minha falta é plena/minha vez é quando “
Cacaso – Antônio Carlos Ferreira de Brito (1944 – 1987) nasceu em 13 de março de 1944 na cidade de Uberaba, em Minas Gerais. Seus pais foram Carlos Ferreira de Brito e Wanda Aparecida Lóes de Brito. Cedo, aos 12 anos, despertou interesse pelo mundo das artes realizando caricaturas de políticos e outros personagens da vida pública.
Daí saltou para o mágico mundo da poesia. Graduou – se em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e realizou Pós-Graduação na USP. Lecionou teoria literária e literatura brasileira na Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro e na Escola de Comunicação na UFRJ.
Cacaso estreou com o livro “ A Palavra Cerzida “ (1967) e seguiram – se: “ Grupo Escolar “ (1974); “ Beijo na Boca “ (1975); “ Segunda Classe “ (1975); “ Na Corda Bamba “ (1978); “ Mar Mineiro “ (1982).
Cacaso estreou com o livro “ A Palavra Cerzida “ (1967) e seguiram – se: “ Grupo Escolar “ (1974); “ Beijo na Boca “ (1975); “ Segunda Classe “ (1975); “ Na Corda Bamba “ (1978); “ Mar Mineiro “ (1982).
“ Ah como tenho me enganado/como tenho me matado/por ter demais confiado nas evidências do amor /como tenho andado certo/como tenho andado errado/por seu caminho inseguro/por meu caminho deserto/como tenho me encontrado/ como tenho descoberto/a sombra leve da morte/passando sempre por perto /e o sentimento mais breve/ rola no ar e descreve a eterna cicatriz/mais uma vez /mais de uma vez /quase que eu fui feliz/a barra do amor é que ele é meio ermo/a barra da morte é que ela não tem meio termo “
Participou ativamente do movimento da “ Poesia Marginal “ ao lado de figuras como Francisco Alvim, Heloisa Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cesar, Charles Chacal e outros.
Cacaso teve muitos de seus poemas musicados por artistas da
Cacaso teve muitos de seus poemas musicados por artistas da
fina flor da música Popular Brasileira como Elton Medeiros, Maurício Tapajós, Edu Lobo, Djavan, Tom Jobim, Sueli Costa, Joyce, Sivuca e Francis Hime.
Em 1987, no dia 27 de dezembro de 1987, aos 42 anos, Cacaso parte para uma viagem definitiva, que segundo uma manchete da época evocava: “ Escreveu poesia rápida como a vida“.
Em 2002 surge a antologia “ Lero lero “ de Cacaso publicada pela Editora Sette Letras.
“ Sou brasileiro de estatura mediana /gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer /porque no amor quem perde quase sempre ganha /veja só que coisa estranha, saia dessa se puder /não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero/não tolero lero lero , devo nada pra ninguém/sou descansado , minha vida eu levo a muque/do batente pro batuque faço como me convém/eu sou poeta e não nego a minha raça /faço versos por pirraça e também por precisão/de pé quebrado , verso branco, rima rica /negaceio , dou a dica , tenho a minha solução/sou brasileiro , tatu- peba taturana /bom de bola , ruim de grana , tabuada sei de cor/quatro vez sete, vinte e oito , noves fora/ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor/não entro em rifa, não adoço , não tempero/ não remarco , marco zero , se falei não volto atrás/por onde passo deixo rastro , deixo fama / desarrumo toda a trama , desacato Satanás/sou brasileiro de estatura mediana/ gosto muito de fulana , mas sicrana é quem me quer/porque no amor quem perde sempre ganha /veja só que coisa estranha , saia dessa se puder/diz um ditado natural da minha terra /bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá/desacredito no azar da minha sina/ tico- tico de rapina , ninguém leva o meu fubá “
Canção de Cacaso e Edu Lobo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário