O CIENTISTA MANOEL DE
ABREU
Manoel Dias de Abreu (1892 – 1962) veio ao mundo em São Paulo
no dia 04 de janeiro de 1892. Filho do português da província do Minho, Júlio
Antunes de Abreu e de Mercedes da Rocha Dias, natural de Sorocaba (SP). Sua
infância passou- se entre os vizinhos e irmãos Brasil e Portugal.
Aos 15 anos de idade, Manoel iniciou sua jornada acadêmica
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro graduando -se em 23 de dezembro
de1913, aos 21 anos, apresentando a seguinte tese: “ Natureza Pobre “, onde
traça a íntima relação entre o clima tropical e a civilização, sob provável
influência da monumental obra de Euclides da Cunha “ Os Sertões “. Manoel viveu
em Lisboa até o ano de 1915 quando seguiu viagem para Paris, tendo permanecido
por 08 anos na Cidade das Luzes. Na ocasião mostrou vivo interesse pela novel
especialidade médica, a Radiologia, criada pelo cientista alemão Wilhelm Conrad
Röentgen (1845 – 1923).
Neste período frequentou várias instituições hospitalares e
no Nouvel Hôpital de la Pitié foi encarregado de fotografar peças cirúrgicas,
tendo na ocasião desenvolvido um dispositivo para fotografar a mucosa do
estômago. Em seguida pôs em prática a densimetria (medida das diferentes
densidades do pulmão) e pela vez primeira protagonizou a foto em écran
fluorescente do tórax com fins de detectar, a baixo custo, a presença da Peste
Branca, a temível Tuberculose Pulmonar.
Em 1921 Manoel de Abreu publicou a densa obra Le
Radiodiagnostic dans la Tuberculose Pleuro – pulmonar.
O Brasil no ano 1922 recebe de volta Manoel de Abreu que
mais tarde atendendo a um convite do médico e prefeito do Rio de Janeiro, Pedro
Ernesto do Rego Batista (1884 – 1942) assume a chefia do serviço de radiologia
do Hospital Jesus. Neste ano constrói o primeiro aparelho para realizar exames
radiológicos, instalado no Hospital Alemão do Rio de Janeiro, tendo como
princípio a fotografia do écran em tela fluorescente.
Em 1936, Manoel de Abreu apresentou o novo método
diagnóstico de imagem na Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro
designado de Radiofotografia.
No 1° Congresso Nacional de Tuberculose realizado em 1939
emergiu o termo Abreugrafia para identificar o novo método criado por Manoel de
Abreu. Em 1958, Adhemar de Barros, então prefeito de São Paulo instituiu o dia
04 de janeiro, data do nascimento de Manoel de Abreu como o Dia da Abreugrafia.
Manoel de Abreu foi agraciado com várias medalhas e prêmios:
Medalha Cardoso Fontes da Sociedade Brasileira de
Tuberculose; medalha de ouro – Médico do Ano -
do American College of Chest Physicians (1950); diploma de Honra ao
Mérito Médico da Academyof Tuberculosis Physicians (1950); medalha de ouro do
Colégio Inter -Americano do Peru (1958); Cavaleiro da Legião de Honra da França
e Grão – Cruz da Ordem do Mérito Médico do Brasil.
Publicou inúmeros
trabalhos científicos e lançou obras de cunho filosófico como “ Não Ser “
(1924); ” Meditações” (1936); “Mensagem Etérea”(1945). No campo da poesia
deixou “ Substância“ obra ilustrada pelo pintor Di Cavalcanti; e “ Poemas sem
Realidade “, com ilustrações do próprio autor.
Manoel Dias de Abreu figura no panteão de grandes vultos da
medicina brasileira ao lado de nomes como: Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Vital Brasil,
Miguel Couto e José Rosemberg.
No dia 30 de janeiro de 1962, aos 68 anos, Manoel de Abreu
falece na Casa de Saúde São Sebastião, na cidade do Rio de Janeiro, em
decorrência de complicações relacionadas com um câncer de pulmão. Foi eleito em
16 de abril de 1964, Patrono da Cadeira de número 84 da Academia Nacional de
Medicina.
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