Ontem e Hoje: Doutores do Trabuco
"Não podemos continuar de cócoras com os vícios dos que não sabem compreender os valores de nossa civilização, que gradualmente se desenvolve pelo surto criativo de nossas imaginações e que encerram sempre o nosso melhor progresso.
Solta Pedro I , o grito do Ipiranga. E o caboclo, de cócoras. Vem, com o 13 de maio, a libertação dos escravos : e o caboclo acocorado. No cenário da revolta , entra Floriano, Custódio e Gumercindo, se joga a sorte do país, esmagada quatro anos por incitatus, e o caboclo ainda com os joelhos à boca. Cada um desses baques, a cada um desses estrondos, soergue o torso, espia, coça a cabeça, "magina", mas volve à modorra e não dá pelo resto"
Rui Barbosa (1849 - 1923 )
"O Ceará é o ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro , falta carvão. É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda; o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a qual nunca chega o dia.
Há cem anos, um povo gigante, a mover - se, não adianta um passo, como frágil esquife sobre as ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta a alma. São os deuses, que o condenam à pena de Tântalo - morrer de sede à beira do regato. Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da capacidade cearense a disputarem um pouco de ar que , aliás, lhe mate o estímulo; o ar mefítico das baixas regiões oficiais ...
Que seja para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe em nós; e cem anos, na ordem dos tempos é muito menos de um til nos lábios "
Crônica "O Ferreiro da Maldição" , datada de 1903 , da autoria do cearense João Brigido dos Santos ( 1829 - 1921 )
"Ó míseras mentes humanas ! Ó cegos corações! , como lamenta Lucrécio (94- 50 a.C), poeta e filósofo romano , a insensatez de homens, que em vez de gozarem com inteligência e moderação as boas coisas da vida, impõem a si mesmos e ao povo, mil sacrifícios, devorados pela ambição do dinheiro, do mando, como pérfidos doutores do trabuco em pleno século XXI.
Solta Pedro I , o grito do Ipiranga. E o caboclo, de cócoras. Vem, com o 13 de maio, a libertação dos escravos : e o caboclo acocorado. No cenário da revolta , entra Floriano, Custódio e Gumercindo, se joga a sorte do país, esmagada quatro anos por incitatus, e o caboclo ainda com os joelhos à boca. Cada um desses baques, a cada um desses estrondos, soergue o torso, espia, coça a cabeça, "magina", mas volve à modorra e não dá pelo resto"
Rui Barbosa (1849 - 1923 )
"O Ceará é o ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro , falta carvão. É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda; o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a qual nunca chega o dia.
Há cem anos, um povo gigante, a mover - se, não adianta um passo, como frágil esquife sobre as ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta a alma. São os deuses, que o condenam à pena de Tântalo - morrer de sede à beira do regato. Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da capacidade cearense a disputarem um pouco de ar que , aliás, lhe mate o estímulo; o ar mefítico das baixas regiões oficiais ...
Que seja para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe em nós; e cem anos, na ordem dos tempos é muito menos de um til nos lábios "
Crônica "O Ferreiro da Maldição" , datada de 1903 , da autoria do cearense João Brigido dos Santos ( 1829 - 1921 )
"Ó míseras mentes humanas ! Ó cegos corações! , como lamenta Lucrécio (94- 50 a.C), poeta e filósofo romano , a insensatez de homens, que em vez de gozarem com inteligência e moderação as boas coisas da vida, impõem a si mesmos e ao povo, mil sacrifícios, devorados pela ambição do dinheiro, do mando, como pérfidos doutores do trabuco em pleno século XXI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário