SOBRE TELÔMEROS, EM DOIS DEDOS DE PROSA
Para o Dr. Marcus
Bessa
Nascer,
crescer, amadurecer, reproduzir, envelhecer e morrer, representam passos
inevitáveis no breve piscar de olhos da terreal jornada humana. O belicoso,
intolerante e imprevisível século XXI acolhe cada vez mais indivíduos de
cabelos grisalhos. Comenta-se que “ quarenta anos é a velhice dos jovens, e
que, cinquenta é a juventude da velhice”.
O
envelhecimento é o maior fator de risco para o desenvolvimento de doenças.
Entendendo as causas moleculares do envelhecimento podemos tentar prorrogar o
tempo de vida saudável de uma pessoa. Considera-se o envelhecimento como um
processo progressivo, intrínseco, multifatorial e irreversível que com o tempo
ocorre em todo ser vivo a consequência da interação entre a genética do
indivíduo e seu meio ambiente. Credita-se a fatores genéticos/herdados (30%)
e fatores ambientais/hábitos de vida (70%) como responsáveis pelo
envelhecimento humano.
Para alguns
estudiosos, a partir do momento seguinte à conjugação do espermatozoide com o
óvulo, a ampulheta do tempo e o inexorável relógio da vida, passam a desenhar,
pausadamente, os contornos da velhice. Alguns especialistas em envelhecimento
apregoam a seguinte distinção de idades:
“ Velhos-jovens”
(60 a 74 anos); “velhos” (75 a 84 anos); e, “velhos- idosos” (maiores de 85
anos).
O bicho-homem envelhece cada um a seu próprio
ritmo, uns de forma célere e outros mais lentamente. No entendimento de George
Bray “ os genes carregam o revólver e o meio ambiente puxa o gatilho”.
Nesta
intrincada história de genética e envelhecimento surgem os telômeros, uns
segmentos de DNA localizados nas extremidades dos cromossomos, comparados às
pontas de um cadarço de sapatos, que ao longo do tempo vão encurtando e se
desgastando. Os telômeros tornam possível que as células se dividam sem perder
informação genética, além do que protegem, estabilizam e previnem aderências
entre os extremos das moléculas de DNA lineares. Em 1990 graças aos estudos de
Carol W. Greider e Calvin Harley estabeleceu-se a relação entre telômeros e
envelhecimento. Quanto mais curtos os telômeros, maior a probabilidade de
degenerescência rápida, trazendo a reboque um rosário de achaques como doenças cardíacas,
neurológicas, pulmonares, endócrinas, reumatológicas e câncer.
Umas enzimas,
chamadas telomerases, que recriam novos terminais nas extremidades dos
cromossomos, ajudam na reversão do encurtamento dos telômeros. Estudos sobre
tais enzimas proporcionaram o Prêmio Nobel de Medicina em 1990 para os
pesquisadores Jack W. Szostak , Elisabeth H. Blackburn e Carol W. Greider.
O mundo
científico volta seus olhos para escrutinar melhor as funções dos telômeros e
das telomerases com vistas a aplicações nas áreas da saúde do envelhecimento
humano.
Resta
aguardar e seguir, por enquanto, conferindo aos que vivenciam tal estágio da
vida, regras básicas acessíveis a todos: acolhimento, segurança, boa
alimentação, exercícios físicos adequados, controle do estresse, sono reparador,
boa socialização, criação de novos hábitos, inclusive, laborais, e fugir das
desagradáveis companhias do álcool, tabaco, refrigerante, gorduras saturadas e
pesticidas agrícolas, dentre outras.
Por enquanto, intervenções farmacológicas para
serem aplicadas na assistência ao envelhecimento humano saudável, encontram-se
sob a ótica de estudos, como a utilização de rapamicina , resveratrol,
everolimus e metformina.
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