ÁCIDO
ACETILSALICÍLICO, UM QUASE MILAGRE
A casca do salgueiro – branco (Salix alba) rica em salicina
foi amplamente empregada desde a antiguidade por egípcios, sumérios e gregos
para sanar diversos males como estado febril, dores e malária. A síntese industrial que resultou na
descoberta do ácido acetilsalicílico ocorreu nos fins do século XIX (1894)
quando o químico Felix Hoffman (1868- 1946) trabalhando para a empresa Bayer da
Alemanha, obteve uma forma acetilada do ácido salicílico menos agressiva para a
mucosa do estômago e com propriedade analgésica, antitérmica e
anti-inflamatória. O emprego inicial deste fármaco , denominado aspirina,
deu-se no tratamento de diversas patologias e espalhou-se pelo mundo inteiro.
A prescrição do ácido
acetilsalicílico na prevenção secundária para reduzir o risco de aparecimento
de novos eventos como Angina do Peito, Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular
Cerebral vem ocorrendo desde a segunda metade do século XX com comprovado
sucesso. Seu uso na prevenção primária, ou seja, em quem nunca teve eventos
como os acima citados, encontra-se em ferrenha discussão, especialmente, devido
aos riscos de hemorragia e na formação de úlcera de estômago. Grupos de estudiosos
defendem o emprego do ácido acetilsalicílico em baixa dose (81 mg) na prevenção
de doenças cardiovasculares (Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral)
e de Câncer de Cólon em pessoas normais de 50 a 69 anos de idade que demonstrem
baixo risco de sangramento. Tem-se como certo que a ingestão de 2 comprimidos
de ácido acetilsalicílico, imediatamente, após o início de um ataque cardíaco
isquêmico, reduz pela metade o risco de morte ou da ocorrência de um segundo
infarto.
Há relatos que as estatinas empregadas em pacientes com
alterações de colesterol elevado (dislipidemia) possuem ação semelhante as da
aspirina na prevenção de eventos cardiovasculares, sem entretanto, favorecerem
a sangramentos. Em contrapartida, as estatinas são mais onerosas e podem
promover sérios para-efeitos.
Na atualidade, a prevenção primária da pré-eclâmpsia e da
eclampsia é apenas possível evitando-se a gravidez. A prescrição de aspirina,
cálcio, zinco, magnésio, óleo de peixe, vitaminas C e E não devem ser
utilizadas para prevenção de pré-eclâmpsia em primigestas. A utilização de
ácido acetilsalicílico na dose de 81mg /dia tem serventia em grávidas
portadoras da Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) ou naquelas
gestantes que no passado tiveram pré-eclâmpsia grave ou eclampsia.
Deste modo, o ácido acetilsalicílico continua sua saga como
um fármaco com múltiplas utilidades na profilaxia e tratamento de várias
entidades mórbidas há mais de uma centúria e ainda mostrando bastante fôlego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário