A MEDICALIZAÇÃO DA
VIDA
A expectativa de vida ao nascer, no Brasil mais que dobrou
em um século, passando de 30 para 70 anos, entre o início do século XX e o
atual século XXI. Tal resultado deve- se a um grupo de fatores, tais como, melhorias
das condições econômicas, culturais, sociais, ambientais e, claro, em
decorrência de intervenções salutares como vacinação, uso de antibióticos,
cirurgias limpas, além da modernização de hospitais, de exames laboratoriais e
da indústria farmacêutica, de um modo geral.
Eventos fisiológicos que fazem parte da vida normal das
pessoas, ao longo da história passam hoje por impactantes mudanças provocadas
pelo cambiante saber médico e pela força emergente das indústrias de
medicamentos e de aparelhos tecnológicos. No universo feminino basta tomar como
exemplos a menstruação, a gravidez, o climatério e o envelhecimento. Na
antiguidade as mulheres menstruavam menos por conta de gravidezes seguidas e
por longo período de amamentação. E viviam bem menos. A intervenção médica em
tais oportunidades era pontual respeitando as ordens advindas da natureza: “
primeiro a palavra, depois as ervas e, por último, os ferros “.
Nos dias de hoje a
mulher começa a menstruar mais cedo e termina mais tarde, pois engravida menos
e vive bem mais. Alguns especialistas chegam a propalar a menstruação como algo
inútil, suprimindo-a com remédios ou aliviando alguns achaques, por ventura
presentes com fármacos e conferindo o afastamento de trabalho para tais pessoas
– a licença menstruação -. Nada mais justo, quando necessário, porém deve-se
levar em conta que em grande parte, o período menstrual transcorre sem maiores
óbices. O mesmo se dá com o ciclo gravídico que não necessita,
obrigatoriamente, da prescrição de fármacos, posto que, gestações de alto risco
respondem por cerca de, apenas, dez por cento das gravidezes. Já o climatério,
um fenômeno fisiológico pode ser vivenciado sem maiores interferências, com a
atuação farmacológica restrita a casos pontuais e com os devidos cuidados. Por
fim, o envelhecimento natural deve ser acompanhado de perto ofertando-se
medidas preventivas e corretivas de alterações que possam proporcionar uma vida
plena, com prazer e independência a essas criaturas, de preferência, fugindo da
múltipla medicação. A medicina preventiva nos eventos citados como, menstruação,
gravidez, climatério e envelhecimento, possui primordial importância na vida
saudável das pessoas proporcionando mais vida aos anos e mais anos à vida.
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