POLIFARMÁCIA E
FELICIDADE
“A felicidade é como uma borboleta: quando a perseguimos,
nos escapa; quando desistimos de persegui-la, pousa em nós “ (provérbio chinês).
Numa ablução matinal rotineira, um idoso de 67 anos, em presença de Netuno,
roga alguns mimos a Zeus: vida saudável para seus neurônios e que eles
perseverem na criação de laços de amizades com seus circunvizinhos, estreitando
sinapses.
Que percorram novas sendas turbinados por fieis
neurotransmissores desbravando rotas até então virgens, pondo
para girar a tal plasticidade cerebral.
Tendo ciência dos fenômenos de apoptose ou morte programada
das células como fatos naturais esperados onde tudo que nasce, morre, o idoso
senhor clama que se ande devagar com o andor, seguindo estritamente as normas
traçadas pelo poetinha Vinicius de Moraes (1913- 1980):
“Tristeza não tem fim, felicidade sim/a felicidade é como uma gota/ de orvalho
numa pétala de flor/brilha tranquila /depois de leve oscila/ e cai como uma
lágrima de amor/a felicidade do pobre parece/a grande ilusão do carnaval/a
gente trabalha o ano inteiro/por um momento de sonho/pra fazer a fantasia/de
rei ou de pirata ou jardineira/pra tudo se acabar na quarta-feira/tristeza não
tem fim, felicidade sim/a felicidade é como uma pluma/ que o vento vai levando
pelo ar q voa tão leve/ mas tem a vida breve / precisa que haja vento sem parar
“.
Para os diletos companheiros da geração pós Segunda Guerra
Mundial (1939 – 1945) todos na faixa de setenta anos, almeja-se juízo e
redobrado cuidado com o delicado item saúde.
Procurar manter o estoque da
farmácia básica caseira e utilizar com parcimônia a aspirina infantil (para
espantar infarto e AVC), estatina (para prevenir entupimento das artérias) ,
betabloqueador ( para controlar angina e hipertensão ) , biguanida
( para
manter o diabetes sobre controle) e um diurético
( para sanar o edema ) .
Claro,
tudo isso, mantendo o calendário vacinal em dia.
Calma, nobres filhos de Hipócrates e senhores farmacêuticos,
as várias modalidades de tais fármacos citadas existem em mancheias para
aqueles clientes portadores de boa reserva financeira ou com uma aposentadoria
privada polpuda prontas para segurar o tranco dos achaques.
Os multivitamínicos com sais minerais não foram esquecidos,
mas seguindo recomendações de estudos recentes, estes devem ser consumidos com
parcimônia, apenas em presença de deficiências confirmadas destes vitais
elementos.
No mais sugere - se curtir com calma esta bendita “segunda infância“
com sabedoria e fé em Deus, praticando exercícios físicos moderados e evitando
bebidas alcoólicas e cigarros.
Convém utilizar
uma dieta mediterrânea e usufruir, se desejar, de uma salutar atividade laboral
maneira e prazerosa.
Deve-se levar em conta uma proibição absoluta e perene a um
crime grave sem direito a desculpa: vestir os ditos idosos com as famigeradas
camisetas portando ridículos dizeres como “mulheres, cheguei! “ .
Ave Maria!
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