segunda-feira, 28 de novembro de 2016

POLIFARMÁCIA E FELICIDADE









“A felicidade é como uma borboleta: quando a perseguimos, nos escapa; quando desistimos de persegui-la, pousa em nós “ (provérbio chinês).

 Numa ablução matinal rotineira, um idoso de 67 anos, em presença de Netuno, roga alguns mimos a Zeus: vida saudável para seus neurônios e que eles perseverem na criação de laços de amizades com seus circunvizinhos, estreitando sinapses. 

Que percorram novas sendas turbinados por fieis neurotransmissores   desbravando rotas até então virgens, pondo para girar a tal plasticidade cerebral.

Tendo ciência dos fenômenos de apoptose ou morte programada das células como fatos naturais esperados onde tudo que nasce, morre, o idoso senhor clama que se ande devagar com o andor, seguindo estritamente as normas traçadas pelo poetinha Vinicius de Moraes (1913- 1980):

“Tristeza não tem fim, felicidade  sim/a felicidade é como uma gota/ de orvalho numa pétala de flor/brilha tranquila /depois de leve oscila/ e cai como uma lágrima de amor/a felicidade do pobre parece/a grande ilusão do carnaval/a gente trabalha o ano inteiro/por um momento de sonho/pra fazer a fantasia/de rei ou de pirata ou jardineira/pra tudo se acabar na quarta-feira/tristeza não tem fim, felicidade sim/a felicidade é como uma pluma/ que o vento vai levando pelo ar q voa tão leve/ mas tem a vida breve / precisa que haja vento sem parar “.

Para os diletos companheiros da geração pós Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) todos na faixa de setenta anos, almeja-se juízo e redobrado cuidado com o delicado item saúde.

 Procurar manter o estoque da farmácia básica caseira e utilizar com parcimônia a aspirina infantil (para espantar infarto e AVC), estatina (para prevenir entupimento das artérias) ,
 betabloqueador ( para controlar angina e hipertensão ) , biguanida
 ( para manter o diabetes sobre controle) e um diurético 
( para sanar o edema ) .

 Claro, tudo isso, mantendo o calendário vacinal em dia.
Calma, nobres filhos de Hipócrates e senhores farmacêuticos, as várias modalidades de tais fármacos citadas existem em mancheias para aqueles clientes portadores de boa reserva financeira ou com uma aposentadoria privada polpuda prontas para segurar o tranco dos achaques.

Os multivitamínicos com sais minerais não foram esquecidos, mas seguindo recomendações de estudos recentes, estes devem ser consumidos com parcimônia, apenas em presença de deficiências confirmadas destes vitais elementos. 

No mais sugere - se curtir com calma esta bendita “segunda infância“ com sabedoria e fé em Deus, praticando exercícios físicos moderados e evitando bebidas alcoólicas e cigarros.  

Convém utilizar uma dieta mediterrânea e usufruir, se desejar, de uma salutar atividade laboral maneira e prazerosa.

Deve-se levar em conta uma proibição absoluta e perene a um crime grave sem direito a desculpa: vestir os ditos idosos com as famigeradas camisetas portando ridículos dizeres como “mulheres, cheguei! “ .


 Ave Maria!

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