GATO POR LEBRE
Conta-se que, em certa pensão, sempre se anunciava , no cardápio do almoço, lebre ensopada , pastéis de lebre. E sempre ali havia duas ou três lebres expostas, numa espécie de vitrine. Notaram, porém, os hóspedes que as lebres sempre lá estavam e com frequência viam, no quintal, couros de gato, secando discretamente, ao sol.
Não há dúvida: ali se passava gato por lebre.
Mas há muitos outros modos de passar gato por lebre. Um camponês arranjou para o seu cavalo uns óculos verdes. Na falta de forragem verde, o animal comia folha seca, sem relutância.
Não há dúvida: ali se passava gato por lebre.
Mas há muitos outros modos de passar gato por lebre. Um camponês arranjou para o seu cavalo uns óculos verdes. Na falta de forragem verde, o animal comia folha seca, sem relutância.
É também passar gato por lebre defender a pátria com palavras, dilapidando--lhe o tesouro; proclamar a liberdade de consciência e condenar a crença católica; enriquecer-se, propagando a necessidade da propriedade em comum, ou de repartição de bens; fazer-se passar por homem de bem, enquanto, às ocultas, só se merecem censuras da própria consciência.
Crônica de A. A. Lustosa ( 1886- 1974) , Arcebispo - emérito de Fortaleza , que integra o livro Respingando, lançado no ano de 1958.
Hoje , 60 anos passados, no Brasil , relativo aos três poderes da nação, muito malandro vende gato por lebre com a maior cara de pau do mundo.
Acorda, Brasil, senão o bicho pega !
Acorda, Brasil, senão o bicho pega !
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