EXORTAÇÃO AO HOMEM PRÁTICO
AO DR FLORENTINO CARDOSO
“Homem prático, que passas correndo pela rua/contém o
passo – que o teu esforço é inútil/olha que eu sigo ao teu lado/calmo, sereno,
devagar/com os olhos cheios de paisagens/os ouvidos bêbados de música/e a mente
enflorada de sonhos.../vê bem: por mais que te
apresses/por mais que avances/nunca me vencerás nesta corrida/bem sei que és
forte – mas eu também sou forte!/depois, só há um ponto de partida: a Vida/só
existe um ponto de chegada: a Morte/e enfim, sobre o caminho percorrido/tu,
homem prático, deixarás apenas/o pó que levantastes do solo/com suas passadas
estrepitantes/e eu? Ah! Eu deixarei um pouco de mim mesmo/sobre os cardos/sobre
as pedras/para tornar mais suave a caminhada/dos que vierem depois de mim...”
Poema Exortação ao Homem
Prático, de autoria do cearense Antônio Filgueiras Lima (1909 – 1965), que faz
parte do livro Ritmo Essencial, lançado em 1944.
Faz 13,7 bilhões de anos
que irrompeu um ponto de inimaginável densidade, prenhe de energia imensa, como
tamanho, trilhões e trilhões de vezes menor que a cabeça de um alfinete,
explodindo no Big – Bang (Fred Hoyle, 1949). Aí emergiu o espaço – tempo e suas
partículas primordiais, da qual fazemos parte como simples poeiras das estrelas,
compostos de hádrions, prótons, nêutrons, pósitrons e antimatéria. Todo o
processo evolutivo carrega em seu bojo o caos de onde tudo proveio e grande
explosão cuja radiação vibra até hoje por todo o universo. A expansão, a auto
-organização, a complexidade, são formas pelas quais o próprio universo
domestica o caos. Ordem e desordem, caos e cosmos, criação e destruição.
E o bicho-homem defendendo
com unhas e dentes um naco de vida com outros seres viventes, pendurados na
superfície da nave - mãe Terra, girando e girando, dando passagem a
transformação da lagarta em borboleta.
Aí mora a beleza da vida, o eterno porvir, a
mudança benfazeja!
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