quinta-feira, 19 de abril de 2018


O MUNDO, NOVAMENTE, EM COMPASSO DE ESPERA


“O mundo hoje está suspenso por um fio, e essa é a psique do homem... Não é a realidade da bomba de hidrogênio que devemos temer, mas o que o homem fará com ela. Todo o futuro, toda a história do mundo, é em última instância uma gigantesca síntese dessas fontes ocultas nos indivíduos. Em nossa vida privada e subjetiva não somos apenas testemunhas passivas de nossa época e suas vítimas, mas também seus criadores. Nós construímos nossa época.

Como no início da era cristã, estamos novamente enfrentando o problema do atraso moral que não conseguiu manter o ritmo de nosso progresso científico, técnico e social... Tudo agora depende do homem. Um imenso poder de destruição está em suas mãos, e a questão é saber se ele pode resistir à vontade de usá-lo e dosar essa vontade com o espírito do amor e da sabedoria. Dificilmente ele será capaz de fazer isso com seus próprios recursos. Precisa da ajuda de um “advogado” do céu”

Palavras de Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra, um curador ferido de almas, em seus últimos anos de vida terrena diante dos acontecimentos como a dominação soviética da Hungria, a crise de Suez e a invasão chinesa do Tibete.

Hoje, meio século depois, o homem, lobo do homem, deixa o mundo, novamente, com o fôlego retido, sob o tacão de estranhos senhores que representam algumas potências militares. É o futuro da humanidade ao alcance de um patético botão numa mesa de comando.

O pacifista Carl Jung, assim se expressou numa carta, já perto de sua partida definitiva:

“Todas as riquezas que pareço possuir são também minha pobreza, minha solidão no mundo. Quanto mais pareço possuir, mais continuo perdendo, agora que estou pronto para me aproximar da porta escura. Na vida, não procurei fracassos nem conquistas. Tudo que veio a mim com uma força que não era minha. Tudo o que adquiri serve a um propósito que não previ. Tudo tinha que me ser tirado e nada permanece meu. Não é fácil chegar à máxima pobreza e simplicidade. Mas ela nos encontra, espontaneamente, a caminho do fim da existência”



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