O MUNDO, NOVAMENTE, EM COMPASSO DE
ESPERA
“O mundo
hoje está suspenso por um fio, e essa é a psique do homem... Não é a realidade
da bomba de hidrogênio que devemos temer, mas o que o homem fará com ela. Todo
o futuro, toda a história do mundo, é em última instância uma gigantesca
síntese dessas fontes ocultas nos indivíduos. Em nossa vida privada e subjetiva
não somos apenas testemunhas passivas de nossa época e suas vítimas, mas também
seus criadores. Nós construímos nossa época.
Como no
início da era cristã, estamos novamente enfrentando o problema do atraso moral
que não conseguiu manter o ritmo de nosso progresso científico, técnico e
social... Tudo agora depende do homem. Um imenso poder de destruição está em
suas mãos, e a questão é saber se ele pode resistir à vontade de usá-lo e dosar
essa vontade com o espírito do amor e da sabedoria. Dificilmente ele será capaz
de fazer isso com seus próprios recursos. Precisa da ajuda de um “advogado” do
céu”
Palavras de
Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra, um curador ferido de almas, em seus
últimos anos de vida terrena diante dos acontecimentos como a dominação
soviética da Hungria, a crise de Suez e a invasão chinesa do Tibete.
Hoje, meio
século depois, o homem, lobo do homem, deixa o mundo, novamente, com o fôlego
retido, sob o tacão de estranhos senhores que representam algumas potências
militares. É o futuro da humanidade ao alcance de um patético botão numa mesa
de comando.
O pacifista
Carl Jung, assim se expressou numa carta, já perto de sua partida definitiva:
“Todas as riquezas que pareço possuir são também minha
pobreza, minha solidão no mundo. Quanto mais pareço possuir, mais continuo
perdendo, agora que estou pronto para me aproximar da porta escura. Na vida,
não procurei fracassos nem conquistas. Tudo que veio a mim com uma força que
não era minha. Tudo o que adquiri serve a um propósito que não previ. Tudo
tinha que me ser tirado e nada permanece meu. Não é fácil chegar à máxima
pobreza e simplicidade. Mas ela nos encontra, espontaneamente, a caminho do fim
da existência”
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