segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A dimensão metafísica do tempo , que como as águas dos rios e dos mares, nos escapa por entre os dedos, reforça a verdade dos filósofos Parmenides
 ( imobilidade ) e Heráclito de Éfeso
 ( movimento ).
No poema "Arte poética " do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986 ) celebra - se a fluidez do tempo em sua infinita passagem pelo universo.
" Olhar o rio feito de tempo e água /e recordar que o tempo é outro rio /saber que nos perdemos como o rio/e que os rostos passam como a água /sentir que a vigília é outro sono/que sonha não sonhar e que a morte/que a nossa carne teme é essa morte/de cada noite que se chama sono/ver no dia ou no ano um símbolo /dos dias do homem e dos seus anos/converter o ultraje dos anos/numa música, um rumor e um símbolo /ver na morte o sono, no ocaso/um triste ouro, assim é a poesia /que é imortal e pobre/a poesia volta como a aurora e o ocaso/às vezes, certas tardes, uma cara/fita -nos do fundo de um espelho /a arte deve ser como esse espelho /que nos revela a nossa própria cara/contam que Ulisses, farto de prodígios /chorou de amor ao divisar a sua Itaca / verde e humilde. A arte é essa Itaca / de verde eternidade, não de prodígios /também é como o rio interminável / que passa e pára e é cristal de um mesmo /Heráclito inconstante, que é o mesmo /e é outro, como um rio interminável "


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