O CONLUIO DE RATAZANAS
Numa prévia
para o ano eleitoral de 2018 o Ceará escancara na mídia o conluio de três
ratazanas com os afiados dentes e mostrando um largo sorriso, esquecidos das
querelas antigas vividas por essas pobres criaturas que até pouco tempo se
devoravam. Coisas da política tacanha tupiniquim. O triste Ceará, uma vez mais
a perder o bonde da história na mão de insaciáveis coronéis eletrônicos.
Saudade de
João Brígido dos Santos (1829- 1921), jornalista, cronista, historiador e
político com sua pungente crônica datada de 1903: “O Ferreiro da Maldição”:
“O Ceará é o
ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro falta carvão.
É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda;
o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que
promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a
qual nunca chega o dia.
Há cem anos,
um povo gigante, a mover-se, não adianta um passo, como frágil esquife sobre as
ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta a alma. São
os deuses, que a condenam à pena de Tântalo – morrer de sede à beira do regato.
Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para
exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da
capacidade cearense a disputarem um pouco de ar que aliás lhe mata o estímulo;
o ar mefítico das baixas regiões oficiais...
Que seja
para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe
em nós; e cem anos, na ordem dos tempos é muito menos de um til nos lábios”
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