quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O CONLUIO DE RATAZANAS





Numa prévia para o ano eleitoral de 2018 o Ceará escancara na mídia o conluio de três ratazanas com os afiados dentes e mostrando um largo sorriso, esquecidos das querelas antigas vividas por essas pobres criaturas que até pouco tempo se devoravam. Coisas da política tacanha tupiniquim. O triste Ceará, uma vez mais a perder o bonde da história na mão de insaciáveis coronéis eletrônicos.

Saudade de João Brígido dos Santos (1829- 1921), jornalista, cronista, historiador e político com sua pungente crônica datada de 1903: “O Ferreiro da Maldição”:


“O Ceará é o ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro falta carvão. É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda; o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a qual nunca chega o dia.

Há cem anos, um povo gigante, a mover-se, não adianta um passo, como frágil esquife sobre as ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta a alma. São os deuses, que a condenam à pena de Tântalo – morrer de sede à beira do regato. Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da capacidade cearense a disputarem um pouco de ar que aliás lhe mata o estímulo; o ar mefítico das baixas regiões oficiais...


Que seja para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe em nós; e cem anos, na ordem dos tempos é muito menos de um til nos lábios”

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