CRÔNICA DA AVESTRUZ
Num passado
não muito distante, com a imprensa amordaçada por um governo discricionário,
alguns jornais publicavam inocentes receitas de bolo, no lugar de crônicas
ácidas ao regime político então vigente. Deste modo, foram silenciadas vozes
altivas como as de Carlos Heitor Cony, Millôr Fernandes e Sérgio Porto, dentre
outras. Nos temerários dias atuais, a colenda “ Casa do Povo”, também dita “
Casa de Mãe-Joana”, ocupada por gente, em geral, alheia aos anseios dos
inocentes eleitores, em conluio com setores do Palácio do Planalto, habitado
por criaturas estranhas e soturnas, cercadas de malas com conteúdo explosivo, e
em completa desconexão com os desejos de 97% da população pacata e bovina,
confeccionam às caladas da noite, um desastre de grandes proporções prestes a
irromper.
Na loira
desposada do sol, um insosso jornal televisivo que mama, sôfrego, nas tetas
governamentais, passa o dia destilando abobrinhas para anestesiar a mente de
seus inocentes telespectadores, e tome imagens das avenidas mostrando o fluxo
de veículos automotores, além de fotos de crianças e de adultos com seus
animais de estimação. Uma pândega! O dia a dia das notícias políticas é
empurrado para baixo do tapete, contribuindo de forma decisiva com a reinante
alienação do populacho.
No antigo regime
das armas, a mordaça fazia-se às claras, na força bruta, e no atual desgoverno,
sutilmente, o tapa-boca é movido a grana in natura abarrotando malas para os
fiéis aliados, umas ratazanas de grande porte.
Que tal,
curtir um sonífero, um velho artifício da oferta gratuita do pão e circo para
aliviar a dor e esquecer a sensação de impotência diante destas barbáries?
“ Certa
feita, um casal adentra num consultório odontológico. Ela, uma gentil e frágil
dama e ele, um brutamontes tatuado com uma infinidade de dragões pelo corpo
sarado. O dentista nem teve tempo de falar, pois o cliente logo mandou bala:
- Vou logo
avisando, doutor, não precisa aplicar nada de anestésico. Arranque o dente,
logo e estamos conversados.
- Ah, se
meus clientes fossem assim, estoicos e guerreiros como o senhor, falou o
dentista. - Qual é o dente que o incomoda?
O machão musculoso
vira para a esposa e verbera: - abre a boca mulher! ”
Pode a
escolha do povo, recair sobre a atitude da avestruz escondendo a cabeça numa
fuga da realidade, mas o trem da democracia verde-amarelo desce o desfiladeiro,
sem freio e sem maquinista, desembestado rumo a um inevitável e medonho
desastre.
Acorda,
Brasil, 2018 pode ser tarde demais!
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