O Outono em Prosa e Verso
Primavera , verão, inverno e outono. As estações sempre a se repetirem, indefinidamente . Assim, também, segue o carrossel da vida humana: nascimento , infância, juventude, maturidade , reprodução, envelhecimento e morte.
"De manhã o sol se eleva do mar noturno do inconsciente e olha para a vastidão do mundo colorido que se torna tanto mais amplo, quanto mais alto ele ascende no firmamento.
O sol descobrirá seu significado dentro desta extensão cada vez maior de seu campo de ação produzido pela ascensão e se dará conta de que seu objetivo supremo está em alcançar a maior altura possível e , consequentemente, a mais ampla disseminação possível e , a ampla disseminação possível de suas bênçãos sobre a terra.
Apoiado nesta convicção ele se encaminha para o zênite imprevisto - imprevisto , porque sua existência individual e única é incapaz de prever o seu ponto culminante.
Precisamente ao meio dia , o sol começa a declinar , e este declínio significa uma inversão de todos os valores e ideais cultivados durante a manhã. O sol entra então em contradição consigo mesmo. É como se recolhesse dentro de si seus próprios raios, em vez de emiti - los. A luz e o calor diminuem e por fim se extinguem ".
Excerto do artigo " As etapas da vida humana " escrito por Carl Gustav Jung ( 1875 - 1961 ).
" Me chegará lentamente/ e me encontrará distraído/ provavelmente adormecido/ sobre uma almofada de plumas/ se instalará no espelho/ inevitável e serena/ e dará início a sua faina/ pelos primeiros contornos/ com uns fios de prata/ me tingirá os cabelos/ e alguma linha do colo/ que será escondida pela minha gravata/ aguçará meu apetite/ minhas mãos e meus enjoos/ e me dará um par de óculos para sofrer as notícias/ a velhice../ está à volta de qualquer esquina/ ali, onde menos se imagina/ se nos apresenta pela vez primeira/ a velhice.../ É a mais cruel das ditaduras/ a grande cerimônia de clausura/ do que foi a juventude alguma vez / com admirável destreza/ como o velho artesão/ que lhe irá quitando de minhas mãos/ toda a sua antiga firmeza/ e seguindo Galeno/ me fará proibir o cigarro/ porque dirão que o catarro/ vem ganhando terreno/ me inventará um par de desculpas/ para amenizar a impotência/ " que vale mais experiência/ que pretensões ilusórias "/ me chegará ao cachecol/ aos sapatos de pano/ e ao catarro que ano a ano/ aumentará sua demanda/ a velhice.../ É a antessala do inevitável/ o último caminho transitável/ onde a dúvida.../ o que virá depois?/ a velhice é todo o equipamento de uma vida/ disposto ante a porta de saída / pela qual não se pode mais voltar/ ao melhor, mais que velho/ serei um ancião honorável/ tranquilo e o mais provável/ grande emissor de conselhos/ o que é pior/ por ciúmes me afastará das pessoas / e cortará lentamente/ minhas pobres, últimas rosas/ a velhice está à volta de qualquer esquina/ ali onde menos se imagina/ se nos apresenta pela vez primeira/ a velhice.../ É a mais cruel das ditaduras / a grave cerimônia da clausura/ do que foi a juventude alguma vez ".
Tradução livre da música " La vejez " ,do cantor , compositor e poeta argentino Alberto Cortez ( 1940 - 2019 ) .
Outono ou crepúsculo, não importa , vale a pena viver a vida em sua plenitude em todas as suas estações. A vida é bela !
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