MILTON CARLOS E ISOLDA: MÚSICA E POESIA
“Eu fiz um samba quadrado pra você sentir/que quanto maior é a distância /maior é o fim/eu fiz da rua escura/pedaço de lua pra te iluminar/eu fiz de versos mais rimas/palavras e cismas pra te chatear/eu fiz um samba quadrado pra você voltar/eu fiz da viola a desculpa/pra me consolar/eu fiz do ontem o hoje/e do hoje o amanhã/pra te ver aqui/mas é bem melhor/para o mundo eu chorar/pra você eu mentir/lourinha, gotinha d’água/lourinha da minha mágoa”
Samba Quadrado, composição de Isolda e Milton Carlos.
Milton Carlos (1954-1977), nasceu no dia de novembro de 1954 na cidade de São Paulo. Desde pequeno mostrou uma salutar tendência para a arte musical criando histórias e músicas para folguedos infantis junto com sua irmã, Isolda, grande parceira pela vida afora. Estreou no mundo do disco em 1970. Emplacou um retumbante sucesso com o “Samba Quadrado” em 1973, quando teve uma música gravada por Roberto Carlos, “Amigos, Amigos”:
“Tanto tempo de nós dois/não sei porque pouco depois/não existe mais/tantas cartas já escritas/tantas noites mal dormidas/é o que aqui me traz/e você ainda insiste em pedir/que eu continue a lhe ver/na simples condição de amigos/depois de tanto rabiscar/em tudo em qualquer lugar/seu nome e o meu/ tudo que é seu está marcado/ o seu retrato até molhado pelos beijos meus//nosso mundo de promessas de palavras/de carinho/vi cair no chão/e você quer a condição de amigos/amigos, amigos/ não sei como nem porquê /seus cabelos/ suas mãos/a sua voz com emoção/guardo comigo/e a vontade que senti/de me enganar que te esqueci/não fez sentido/a saudade não contada/toda lágrima calada/não posso guardar/ e nem podemos ficar amigos/amigos, amigos, não sei como e nem porquê /amigos, amigos, amigos/ só amigos, nada mais”
Em 1975, com composições de Milton Carlos e Isolda surge novo disco com vários sucessos. Em 1976, despontam duas novas músicas da dupla, gravadas por Roberto Carlos, “Pelo avesso” e Um jeito estúpido de te amar”:
“E você, reservada tão quieta, não fala/mas sabe convencer/me levar por caminhos, por ninhos contidos/por amor e por prazer/se inflama na chama, sufoca, me enrosca/de forma natural/se entrega, me pega, me laça, me abraça/como mulher fatal/e você reservada, tão quieta, não fala/mas vem me induzir/aos anseios, desejos tão loucos que aos poucos/vão me consumir/eu quero teu amor a qualquer preço/quero que você me tenha até pelo avesso/pra me sentir envolvido em seus cabelos/faça me mim o que quiser/eu sou seu homem, minha mulher/e você reservada, tão quieta, não fala/mas sabe me endeusar/no exato momento da nossa agonia/pra se completar/e nos seus beijos ardentes, tão doces, tão quentes/vem me embriagar/no entanto, sentida no instante da briga,/chega a delirar/entre bocas nervosas, com risos, com prosas/vamos nos pertencer/e rasgando essa vida da forma precisa/ de amar e de se ter”
“ Eu sei que tenho um jeito/ meio estúpido de ser/e de dizer coisas que podem magoar/ e te ofender/mas cada um tem o seu jeito/todo próprio de amar e de se defender/você me acusa e só me preocupa/agrava mais e mais a minha culpa/eu faço e desfaço, contrafeito/o meu defeito é te amar demais/palavras são palavras/e a gente nem percebe o que disse sem querer/e o que deixou pra depois/mas o importante é perceber/que a nossa vida em comum/depende só e unicamente de nós dois/eu tento achar um jeito pra explicar/você bem que podia me aceitar/eu sei que tenho um jeito meio estúpido de ser/mas é assim que eu sei te amar”
Em 1977 Milton Carlos lança seu último LP e no dia 21 de outubro de 1977, em São Paulo, na via Anhanguera sofre um acidente fatal, aos 22 anos de idade.
Milton Carlos tecia um gênero de samba saudosista, à moda antiga, fazendo companhia a nomes como, Benito di Paula, Nelson Ned, Waldick Soriano, Odair José, Antônio Marcos, Lindomar Castilho e outros.
“Eu sei da sua vida e do seu passado/de um tempo perdido, e recuperado/eu sei da poeira/de todos seus passos/das suas trapaças, dos seus abraços/eu sei da sua fama e dos seus amores/das suas proezas/dos seus dissabores/da cor da sua roupa/ do seu pouco valor/você nessa vida foi só desamor/dama, hoje alguém que te engana/te veste de santa/não sabe porque/te pisam, te xingam/ignoram a mulher/não sabem que a dama/existiu outro dia/hoje a dama não passa de pedra perdida num jogo qualquer/conheço as paredes/que guardavam segredos/e ações que por si/não cobriam seus medos/a sua missão, as suas vontades/razões que confirmam/as duras verdades/eu sei hoje em dia da sua vergonha/de olhar quem te olha/responder quem
te chama/pra quem te conhece você é vulgar/pra quem nunca te viu/hoje quer te amar” Composição “ Jogo de damas “ de Isolda e Milton Carlos.
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