A MAGIA DO BOLERO: AGUSTIN LARA
Para o boêmio e filósofo Francisco
Clayrton
“Noite de
ronda/que triste passa/que triste cruza/ por minha sacada/noite de ronda/como
me fere/como lastima meu coração/lua que se quebra sobre a obscuridade/de minha
solidão/aonde vais/diz-me se esta noite/tu que vais de ronda/como ela se
foi/com quem estás/diz-lhe que a quero/diz-lhe que eu morro/de tanto
esperar/que volte já/que as rondas /não são boas/que trazem danos/e dão
penas/que se acabam por chorar/ diz-lhe que a quero/ diz-lhe que eu morro/de
tanto esperar/que volte já/que as rondas/não são boas/que trazem danos/e dão
penas/que se acaba por chorar”
Tradução
livre de Noche de Ronda, composição de Agustín Lara.
Ángel
Augustín Maria Carlos Fausto Mariano Alfonso del Sagrado Corazón Lara y Aguirre
del Pino, ou, simplesmente, Agustín Lara (1896-1970), nasceu na cidade do
México,D.F. , filho de Joaquín Lara e Maria Aguirre del Pino.
Tornou-se
cantor, músico, compositor e ator de largos recursos e que difundiu o bolero
por todos os cantos da terra. Aos 13 anos de idade iniciou seus trabalhos como
pianista na vida noturna de bares e cabarés. Em 1927 sofre uma agressão no
rosto com cacos de vidro, protagonizado por uma corista numa boate. Agustín
Lara teceu cerca de 700 canções e atuou em 30 películas cinematográficas.
Dedicou várias de suas composições, a musas que inebriaram seu inquieto coração.
Agustín Lara faleceu na Cidade do México em 06 de novembro de 1970.
“Tão somente
uma vez/amei na vida/tão somente uma vez/e nada mais/uma vez, nada mais/em
minha existência brilhou a esperança/a esperança que alumia o caminho/de minha
solidão/uma vez, nada mais/se entrega a alma/com a doce e total renúncia/ e
quando esse milagre realiza/ o prodígio de amar-se/há guizos de festas que
cantam/ no coração”
Tradução
livre de Solamente uma Vez, composição de Agustín Lara.
“Na eterna
noite de minha aflição/tu tens sido a estrela/que alumia meu céu/e eu tenho
descortinado/tua rara formosura/e tens iluminado/ todo meu sofrer/santa, minha
santa/mulher que põe brilho/na minha existência/santa, seja minha guia/no
triste calvário do viver/afasta de meu caminho/todos os espinhos/excita com
seus beijos/minha desilusão/santa, seja minha guia/alumia com tua luz/ meu
coração”
Tradução
livre de Santa, composição de Agustín Lara.
No rico
colar do pecado que envolvia o centro da cidade de Fortaleza nos anos 50 do
século passado, velhos casarões davam abrigo a “pensões alegres” onde os
adolescentes faziam seu vestibular nas artes do amor e os adultos realizavam
uma pós-graduação em filosofia do cotidiano e nas travessuras de Baco. “As
Madames” cobriam, gentilmente, “As Meninas” com um banho- de- loja no Bazar das
Novidades e na Loja A Cruzeiro para abrilhantarem as noitadas nas boates: Monte
Carlo; Império; Marajá; City; Hollywood; Estrela; Fanny; Graça; Naninha;
Fascinação e Bar da Alegria.
Ricos e
pobres, gregos e troianos, protegidos pelo breu da noite e no completo
anonimato mantiveram um mundo de orgia, hoje posto ao chão, dando lugar a
estéreis estacionamento de veículos, num centro da cidade totalmente
descaracterizado. Uma ignomínia profunda!
“Divina
claridade, a de teus olhos/diáfanos como gotas de cristal/uvas que se umedecem
com soluços/sangue e sorrisos juntas ao olhar/por quê te fez o destino
pecadora/se não sabes vender o coração/por quê pretende odiar-te quem te
adora/por quê torna a querer-te quem te odiou/se cada noite tua é uma aurora/se
cada nova lágrima é um sol/por quê te fez o destino pecadora/se não sabes
vender o coração”
Tradução
livre da música Pecadora, composição de Agustín Lara.
“Mulher,
mulher divina/tens o veneno que fascina em teu mirar/mulher alabastrina/tens
vibração de uma sonata passional/tens o perfume de um laranjal em flor/o altivo
porte de uma majestade/sabes dos filtros que há no amor/tens o feitiço da
leviandade/a divina magia de um entardecer/e a maravilha da inspiração/tens no
ritmo de teu ser/todo o palpitar de uma canção/eres a razão do meu existir,
mulher”
Tradução
livre da canção Mujer, da autoria de Agustín Lara.
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