quinta-feira, 18 de maio de 2017

DOIS BOIS E AS RÃS, UMA FÁBULA



“Dois enormes bois digladiavam através da força bruta e de golpes baixos o amor de uma tenra novilha. Próximo ao campo de batalha, uma rã conjecturava sobre sua pouca sorte.

- Que se passa contigo? – Perguntou-lhe uma companheira, que não via razão para tal receio.
- Não vês logo – respondeu-lhe a aflita rã- que desta refrega a que estamos assistindo sairão um vencedor e um derrotado?

 E o que me aflige é que o perdedor será perseguido até renunciar aos verdes pastos onde habita e virá refugiar-se entre os caniços do brejo. Então, nós estaremos correndo o risco de ser pisoteadas pelo brutamontes, de forma a nos tornarmos as únicas vítimas do combate travado em disputa da senhorita novilha.

Não era infundada a suspeita. Um dos touros fugiu para o pântano, e de pronto, esmagou mais de vinte rãs.

Moral da história:

Assim acontece desde o princípio do mundo: sempre haverá um mais fraco para sofrer as consequências das disputas dos mais poderosos” 

Adaptação de uma fábula de La Fontaine (1612- 1695).

Em terras ignotas situadas abaixo da linha do equador, a “tenra novilha”, um frágil arremedo de democracia, assiste a disputa cruel de dois bois corroídos até a medula pelo devastador cancro da corrupção desbragada. As pobres e inocentes rãs das mais variadas cores, como famélicos” zé povinhos”, verdadeiras massas de manobras, situadas no centro, na direita ou na esquerda do brejo, tanto faz, coaxam tolos mantras que, apenas, desnudam sua eterna e brutal alienação.

Bem feito!

Restaram tão somente terras devastadas, especialmente, no planalto central, cujos “ bois” balofos e picaretas não cumpriram com sua missão primordial de formarem novos planteis de raça pura, imunes ao inebriante mundo ilusório daquilo que ergue e destrói coisas belas.

Como sempre, muitas rãs serão sacrificadas em vão!












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