POLINDO PALAVRAS NA
LOUSA DA MEMÓRIA
Boa noite a todos.
Dirijo minhas
primeiras palavras de profundo agradecimento aos queridos:
Vicente Alencar, confrade, poeta, jornalista e mestre de
cerimônia deste evento
Aos diletos integrantes da mesa:
Dr. José Maria Chaves, presidente da Academia Cearense de
Médicos Escritores (ACEMES)
Prof. Dr. Marcelo Gurgel, presidente da Sociedade Brasileira
de Médicos Escritores (SOBRAMES)
Poeta e amiga de longa data Ayla Oliveira Costa
Poeta e confrade Dr. Geraldo Bezerra
Dr. Francisco Clayrton Weyne Martins, caro irmão
representando a Turma de 73 da FMUFC
Dr. Francisco Perdigão, colega e amigo fraterno de longo
curso
A todos os amigos, colegas, mestres, confrades, confreiras,familiares
e demais presentes:
A gratidão representa uma das nobres virtudes dos seres
humanos e, de pronto, assinalo com profundo sentimento, minha alegria em poder dividir
com todos vocês este momento ímpar de minha humilde trajetória: o lançamento de
um novo livro ou o partejar de um novo filho.
Dou seguimento à
tradição do velho curador de aldeia, lidando há quase meio século com a saúde
de meus irmãos de caminhada, mitigando dores, lancetando feridas e tentando desvendar
os labirintos da alma das pessoas. Por conta de meu rico contato diuturno com estudantes
de medicina, por décadas, tive acesso a elaboração de artigos científicos, bem
como, na feitura de livros técnicos de obstetrícia. Ao longo de meus 68 anos de
vida construí com carinho um pequeno acervo de obras literárias exercitando
minha insaciável curiosidade de bibliófilo.
Tomo como testemunho de verdade aquilo que o médico,
escritor e dramaturgo russo, Anton Tchekhov (1860- 1904) plasmou sobre o tema
literatura versus medicina:
“A medicina é minha legítima esposa, e a literatura, minha
amante. Quando uma me cansa, passo a noite com a outra. Isto, irregular, não é
monótono; e nenhuma das duas perde com minha infidelidade. Se não existissem
minhas ocupações médicas, dificilmente poderia oferecer minha liberdade e meus
pensamentos à literatura “.
Cedo pressenti que na minha vida o livro seria um valoroso
companheiro, um amor para a vida inteira, mudo nas prateleiras e espalhados no meu
quarto sob uma rede de Jaguaruana, mas transbordando em ricos ensinamentos
quando folheados. Desde então exerço minha doce sina de peregrinar por
livrarias e, especialmente, sebos da cidade buscando meu doce alimento para a
alma.
“ Assim como lavamos
o corpo, deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa “ :
Fernando Pessoa (1888 – 1935) . Faz pouco reuni algumas crônicas num pequeno
volume chamado “ Um Mar de Saudades na Transversal do Tempo “ onde voltei a ser
um menino de rua, um adolescente inquieto e um adulto zanzando por uma Fortaleza
de Nossa Senhora da Assunção de antanho, com seu mimoso vestido de chita.
Empreendi uma gozosa viagem para dentro de mim mesmo, catando histórias minhas
como se fossem alheias e recolhendo histórias dos outros como se minhas fossem.
Daí foi um pulo para elaborar este “ Polindo Palavras na Lousa da Memória “onde
novamente desfilam breves perfis de pessoas e fatos do cotidiano de minha
história de vida.
Se Deus assim
permitir gostaria de completar uma trilogia, dando fecho a minha humilde
produção livresca. Já me encontro garimpando palavras nos bolsos de meu jaleco
branco para colar no varal da memória, nesta desigual luta contra a voracidade
do tempo. Como gostaria, senhores, que as palavras mansamente me seguissem e
não que fosse necessário mendigar a sua fugaz companhia!
Encerro estas breves palavras repetindo o que lapidou o
grande escritor Anatole France (1844- 1924):
“ Se eu fosse a natureza, não faria o homem e a mulher à
semelhança dos grandes macacos, mas à semelhança dos insetos que depois de um
período de lagarta viram borboletas e na última parte da vida só pensam em amor
e beleza. Eu poria a mocidade no fim da existência humana... Arranjaria que o
homem e a mulher, desdobrando rutilantes asas, vivessem por um tempo no orvalho
e no desejo, e fenecessem num beijo de êxtase”.
Por fim, Senhor,
conceda-me engenho, força e sabedoria para concluir minha pequena sinfonia
terreal neste rico universo do livro como um simples contador de histórias
urdidas no carrossel da vida.
Obrigado, amigos, vocês me proporcionaram um mágico momento através
de suas preciosas presenças neste evento. Que Deus lhes abençoe e guarde!
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