PÁTRIA – EDUCADORA
“ Última flor do Lácio, inculta e bela / és, a um tempo, esplendor e sepultura :/ ouro nativo, que na ganga impura / a bruta mina entre os cascalhos vela ../ amo-te assim , desconhecida e obscura ./ tuba de tão alto clangor , lira singela / que tens o trom e o silvo da procela / e o arroio da saudade e da ternura ! /amo o teu viço agreste e o teu aroma / de virgens selvas e de oceano largo !/amo-te ò rude e doloroso idioma / em que da voz materna ouvi:” meu filho ! “/e em que Camões chorou, no exílio amargo / o gênio sem ventura e o amor sem brilho! “ . Poema “ Língua Portuguesa “ de Olavo Bilac (1865- 1918).
Minha língua pátria – mãe gentil, desrespeitada e ultrajada por vozes agourentas, banhadas em puro ódio, atropelando substantivos, adjetivos, verbos e advérbios, desnudando uma deseducação digna de pena, tudo sob as luzes televisivas de uma atordoada Pindorama.
Quanta falta fez uma simplória “ palmatória “ e um vigoroso “ puxão de orelhas “ na adequada educação de uns cabras barbudos , ou de umas destemperadas cabritas, no tempo certo. Agora urgia uma boa e corretiva surra de cinturão. Isso sim! Que pátria – educadora que nada! Uma vergonha, senhores!
Uma singular lição de ensino de bons modos como nos velhos tempos, encontra-se na crônica de José Cândido de Carvalho (1914 – 1989) , jornalista , advogado e escritor brasileiro : “ Verbos e Gerúndios pelas Pontas dos Dedos “:
“ E o mestre Severino Moscovo recordando, na porta da Colombo, seus heroicos tempos de professor de gramática em Crubixais do Alto:
- Aquilo é que era educação! A gente largava a palmatória na meninada de sair verbos e gerúndios pelas pontas dos dedos. Os mestres tinham o apoio dos pais. Chiquinho Cravo, que depois foi deputado e senador, aprendeu gramática com meia dúzia de aulas de palmatória. Antônio Barbirato , filho Desembargador Barbirato das Neves , na primeira cacetada que levou na raiz do ouvido desmaiou . E quando voltou do desmaio estava falando francês. Aquilo é que era ensino! Hoje, com essa mania de modernismo, o negócio virou da cabeça para os pés. O mestre agora apanha dos alunos. Um colega meu do Educandário Afonso Pena levou uma cabeçada tão ferina que ficou três dias sem fala. Quando recobrou a voz foi para gritar pela progenitora e pedir aposentadoria. Não falando no caso do Doutor Penedo Riscado. Pegou tanto bofetão nas bochechas que botou pela boca Os Lusíadas de Camões, fora outras obras de pequeno porte. Por essas e outras é que deixei o ensino. A gente amassa um aluno e vai preso. Só porque retirei do seu devido lugar um par de orelhas, levei processo, fui destratado pelos jornais e comi o pão que o diabo faz em sua padaria de desgraças. Ensino, nunca mais! “
-Pindorama, ouve o clamor dos teus filhos enquanto é tempo! Preste atenção!
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