ORDEM E PROGRESSO,
DOIS POEMAS
Nos estertores do século XIX, em 15 de abril de 1895, o
jornal “ O Pão “ da Padaria Espiritual, no seu número 14, publicou o poema “
Ordem e Progresso “ da autoria do ”padeiro” Bruno Jaci:
“ Depois que a Realeza fez naufrágio,
A nau do Estado segue falsa rota,
O crédito se extingue, aumenta o ágio,
Medonha se aproxima a banca rota.
Alça a guerra civil o horrendo colo,
Brasíleo sangue inunda o pátrio solo, é confusão a lei,
farsa o Congresso ...
E, no meio do caos em que vivemos,
E, no abismo onde agora nos sorvemos,
Procuro, embalde, a Ordem e o Progresso!
Tinha a bandeira imperial outrora
Vinte estrelas em círculo arrumadas,
A cruz de Cristo, que ainda ou pouco adora,
E duas verdes ramas enlaçadas.
Mas foi- se a monarquia em boa hora
E em vez das duas plantas cultivadas
Um gládio vê- se no estandarte agora,
Por entre cinco pontas aguçadas.
As estrelas ficaram mais dispersas,
À toa e de grandezas mui diversas,
Com letreiros, que diz: Progresso e Ordem
E em contrário ao que o mote está dizendo
Como triste ironia, vamos vendo
Estrelas a granel, tudo em desordem”.
José Carlos da Costa Ribeiro Junior (1860- 1896), paraibano
de nascimento, Bacharel em Direito, Promotor e Juiz de Aracati e Ipu. Foi
admitido no dia 28 de setembro de 1894 na Padaria Espiritual com o pseudônimo
de Bruno Jaci.
Em 2016, bem longe da época em que foi lançado o poema de
Bruno Jaci, a situação do país continua praticamente a mesma, à beira de um profundo
despenhadeiro. Segue um novo poema “ Ordem e Progresso “, este de autoria do
poeta Joésio Menezes, nascido em 16 de maio de 1961 em Sergipe. Um vate da
melhor cepa nordestina, cultor da Língua Portuguesa e Membro Fundador da
Academia Planaltinense de Letras (APL):
“ Que a justiça é cega, eu sei;
Que nada faça contra os “ fortes “, é lei;
Que funciona em prol de poucos, é fato.
Que respeitam a Constituição, é mito;
Que a Ordem está em desordem, admito;
Que o Progresso está bem perto, é boato.
Que o governo seja improbo, não se admite;
Que ele bem trabalha, há quem acredite;
Que o povo tem culpa, não duvido.
Que os desonestos dominam, é inegável;
Que a sociedade
permita, é inaceitável;
Que somos enganados,
é sabido.
Que o Brasil é rico, está comprovado;
Que a miséria aqui reside, fato consumado;
Que a desigualdade é social, já foi dito.
Que a política anda mal, certamente;
Que a corrupção impera, é evidente;
Que esses males tenham cura, não acredito ...”
Não queremos golpes urdidos pela direita, centro ou pela
esquerda “ e dispensamos os serviços de falsos salvadores da pátria ‘; rogamos
que a Constituição seja respeitada, mas convenhamos que os limites da
tolerância foram ultrapassados.
O dever de casa de
todo brasileiro é passar urgente a Nação a limpo ou amanhã será tarde demais!
Só restarão pó e cinzas !
Nenhum comentário:
Postar um comentário