JOUBERT DE CARVALHO:
MÚSICA E MEDICINA
Joubert Gontijo de Carvalho (1900- 1977) nasceu na cidade de
Uberaba em Minas Gerais. Filho do fazendeiro Tobias de Carvalho e de dona
Francisca Gontijo de Carvalho. Aos nove anos de idade o garoto Joubert tomou
contato íntimo com o piano. Sua primeira composição musical data de 1913 com
uma valsa denominada “ Cruz Vermelha “. Morando com a família em São Paulo,
frequentou o Ginásio São Bento. Em 1920 já no Rio de Janeiro, Joubert inicia
seu curso superior em uma Faculdade de Medicina. Em 1925 defende a Tese de
Conclusão de Curso (TCC) com o sugestivo título: “ Sopros Musicais do Coração
“. Compartilhar música e medicina nunca constituiu uma tarefa fácil. Muitos
tentaram e ficaram à beira do caminho como o cearense Antônio Carlos Belchior
(1946) e o carioca Noel Rosa (1910 – 1937).
Cantores famosos como Gastão Formenti , Francisco Alves ,
Orlando Silva , Carlos Galhardo , Silvio Caldas e Carmen Miranda ajudaram a
propagar as músicas que saiam em profusão do “ ouvido interno “ de Joubert de
Carvalho . A ele, também, se agregaram grandes compositores como o poeta Olegário
Mariano (1889 – 1858) e David Nasser (1917- 1980), dentre outros.
“ Eu não quero outra vida / pescando no rio de Jereré /tenho
peixe bom/ tem siri patola/ que dá com o pé /quando no terreiro/ faz noite de
luar/ e vem a saudade me atormentar/eu me vingo dela /tocando viola de papo pro
ar/ se ganho na feira/ feijão, rapadura /pra que trabalhar/sou filho de homem/
e o homem não deve / se apoquentar “.
Música “ De papo pro ar “ do ano de 1931.
“ Taí , eu fiz tudo pra você gostar de mim /Ah ! meu bem,
não faz assim comigo não /você tem , você tem que me dar seu coração ! / meu
amor , não posso esquecer/ se dá alegria faz também sofrer /a minha vida sempre
foi assim/ só chorando as mágoas que não têm fim / essa história de gostar de alguém/ já é mania
que as pessoas têm / se me ajudasse Nosso Senhor/ eu não pensaria mais no amor
“ . Letra da marchinha “Pra você gostar
de mim “ do ano de 1930. Esta foi uma das 28 músicas de Joubert de Carvalho que
Carmen Miranda gravou ao longo de sua curta, mas brilhante trajetória de
cantora e atriz.
Em 1932 Joubert de Carvalho compõe “ Maringá “ gravada por
Gastão Formenti , tornando- se um clássico do cancioneiro popular. Comenta-se
que tal música foi feita por encomenda para agradar ao político e escritor José
Américo de Almeida (1887- 1980), autor do clássico romance “ A Bagaceira “ .
“ Foi numa leva que a cabocla Maringá / ficou sendo a
retirante que mais dava o que falar/ e junto dela veio alguém que suplicou /
pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou /Maringá , Maringá / depois que tu partiste/ tudo aqui ficou tão
triste / que eu garrei a imaginar /Maringá , Maringá /para haver felicidade / é
preciso que a saudade vá bater noutro lugar /Maringá , Maringá / volta aqui pro
meu sertão /pra de novo o coração / de um caboclo sossegar /antigamente uma
alegria sem igual /dominava aquela gente da cidade de Pombal/mas veio a seca ,
toda chuva foi embora / só restando então as águas dos meus olhos quando choram
“
Nas décadas de 60 e 70 Joubert de Carvalho continuou sua reta
lida de curador de almas e produzindo músicas com regularidade. O mercado
fonográfico, contudo, encontrava- se interessado num outro tipo de gênero (Rock
e MPB). Que pena!
“ Foi num dia de tristeza/ que a cidade abandonei / sem
saber o que fazer / na esperança de encontrar / pela vida , algum
prazer/alegria em algum lugar / lá no alto da Tijuca /tem um sítio bem florido
/onde agora estou morando / com os pássaros em festa / de galho em galho
cantando / lá dentro , pela floresta / minha casa é tão bonita / que dá gosto a
gente ver / tem varanda , tem jardim/ ainda agora estou esperando / uma rede
para mim / a embalar de quando em quando / minha casa é uma riqueza / pelas
joias que ela tem / minha casa aqui tem tudo / tanta coisa de valor / minha
casa não tem nada / vivo só , não tenho amor “
Música “ Minha Casa “ de Joubert de Carvalho.
O legado de Joubert de Carvalho vai permanecer por muito
tempo como exemplo de uma vida regular dedicada à difícil arte hipocrática em
perfeita conjunção com o efervescente mundo da música e da boemia .
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