CONVERSA COM POMBOS:
DECERTO PERDESTE O SENSO
Um permanente e ameaçador céu carregado de nuvens negras
paira sobre Pindorama com a implicante e resistente Dama de Ferro, convocando,
uma vez mais, seu enigmático e camaleônico Vice para um breve passeio em volta
do bucólico Palácio do Entardecer. Ela piamente crê que a tal sorumbática
figura, avara em palavras, mergulhada sempre num agourento silêncio, possui o
dom de conversar com os pássaros, como um pós-moderno São Francisco nascido em
pleno Tietê, São Paulo.
Logo no início da caminhada um belo casal de pombinhos gorjeia,
ali perto, com penas cinzentas arrepiadas, caudas dispostas em leque e
rodopiando feito uns dervixes em transe.
A Dama de Ferro, de pronto, emite a ordem para a tradução
fiel da linguagem columbídea:
“ - O que dizem tais criaturas barulhentas e incômodas?
“ - Minha nobre Dama,
eles estão a advertir que, caso a senhora persista na repetição dos mesmos
erros, em sua contumaz teimosia, incluindo a possível convocação de pretéritos
monarcas para comandar ministérios, a Casa, em breve, irá, literalmente, ao
chão, não restando pedra sobre pedra “.
Daí em diante, fez-se um sepulcral silêncio, depois que os
dois viventes palacianos correram em vão atrás dos endiabrados pombinhos.
Não significa perder o senso, muito pelo contrário, e, sim , um sinal de sensatez, apurar a audição para
decifrar, nesta grave conjuntura , mensagens oriundas de “ estrelas e de pombos“ !
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