SEIXO ROLADO
Para as princesas Hilma e Marilene
No gigante espelho argênteo a espargir faíscas formado pelo perene indo e vindo das águas do rio Pacoti com o oceano Atlântico , na altura do Porto das Dunas , em Aquiraz , jogo minha tarrafa , antes do sol , humildemente , beijar o mar . Desfilam por ali , ilhotas flutuantes , portando em seus cocurutos , mechas de pequenas plantas , em busca do doce aconchego final no infindo oceano , junto a peixes e pedras que rolam , cumprindo o inevitável destino traçado pela mãe – natureza . O eterno retorno .
Num último arremesso , sem querer largar aquele idílico paraíso , recolho minha tarrafa , algo pesada , sem um peixe sequer , apenas com um pedaço de pedra , que mostra numa de suas faces , um desenho de um coração e uma singela mensagem : “ Te amo , Maria ! . Baturité – Ceará “ .
Que idênticos destinos , o daquela tosca pedra e o do bicho – homem ! .
Somos todos , seixos rolados , nesta terrena vida breve , quer queiramos ou não ! .
“ Rio , caminho que anda / que vai resmungando , talvez , uma dor / ah! quanta pedra levaste , outra pedra deixaste / sem vida e amor / vens lá do alto da serra / o ventre da terra rasgando sem dó / eu também venho do amor / com o peito rasgado de dor / e tão só / não viste a flor se curvar / teu corpo beijar / e ficar lá pra trás / tens a mania doente / de andar só pra frente / não voltas , jamais / rio , caminho que anda , o mar te espera / não corras assim/ eu sou o mar que espera / alguém que não corre pra mim “ . Canção de Luiz Antônio .
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