domingo, 27 de setembro de 2015

SEIXO ROLADO
Para as princesas Hilma e Marilene

No gigante  espelho argênteo  a espargir faíscas formado pelo perene  indo e vindo das águas do rio Pacoti com o oceano Atlântico  , na altura do Porto das Dunas , em Aquiraz , jogo minha tarrafa , antes do sol , humildemente , beijar o mar . Desfilam por ali , ilhotas flutuantes , portando em seus cocurutos , mechas de pequenas plantas , em busca   do doce aconchego final no infindo oceano , junto a peixes e pedras que rolam , cumprindo o inevitável destino traçado pela mãe – natureza . O eterno retorno .
Num último arremesso  , sem querer largar aquele idílico paraíso , recolho minha   tarrafa , algo pesada , sem um peixe sequer , apenas com  um pedaço de pedra , que mostra numa de suas faces , um  desenho de um coração e uma singela mensagem : “ Te amo , Maria ! . Baturité – Ceará “ .
Que idênticos destinos , o daquela tosca  pedra e o do bicho – homem ! .
Somos todos  , seixos rolados , nesta terrena vida breve , quer queiramos ou não ! .

“ Rio , caminho que anda / que vai resmungando , talvez , uma dor / ah! quanta pedra levaste , outra pedra deixaste / sem vida e amor / vens lá do alto da serra / o ventre da terra rasgando sem dó / eu também venho do amor /  com o peito rasgado de dor / e tão só / não viste a flor se curvar / teu corpo beijar / e ficar lá pra trás / tens a mania doente / de andar só pra frente / não voltas , jamais /  rio , caminho que anda , o mar te espera / não corras assim/ eu sou o mar que espera / alguém que não corre pra mim “ .   Canção de Luiz Antônio .     

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