ALEXIS CARREL , UMA BREVE REFLEXÃO
Alexis Carrel ( 1873 – 1944 ) : Biólogo , Pesquisador , Médico , Escritor e propagador de ideias da eugenia . Nasceu em Saint – Foy – lès – Lion , na França . Seu pai era um mercador de seda e seu sonho desde pequeno foi direcionado para o ofício de medicina . Sua educação básica fez- se em um bom colégio cristão . Ingressou na Faculdade de Medicina na Universidade de Lyon . Estagiou no famoso hospital Hotel Dieu de Lyon durante 5 anos , onde realizou avançados estudos sobre cirurgia vascular .
Na época ficara o jovem médico Carrel deveras impressionado com a morte do presidente francês Marie François Sadi Carrat , assassinado por um anarquista italiano que se utilizou de uma arma branca para lesionar um vaso sanguíneo de grande calibre ( veia porta ) do infeliz político , que não pôde ser corrigido prontamente , levando- o ao óbito . Influenciado por tal tragédia , Carrel criou várias técnicas de suturas vasculares com fios especiais que se tornaram modelos em cirurgia por muito tempo . Partindo deste patamar , avançou para estudos experimentais nas áreas de transplantes de tecidos e órgãos , tendo como apoio o laboratório Hull de Fisiologia de Chicago .
Em 1912 , aos 39 anos , Alexis Carrel recebe , merecidamente , o Prêmio Nobel de fisiologia e medicina .
Quando irrompe a Primeira Grande Guerra Mundial ( 1914 – 1918 ) , Alexis retorna a França onde ingressa no exército , junto a sua esposa que prestou serviço como enfermeira na Cruz Vermelha Francesa . Muitas vidas foram salvas pelas mãos de Carrel e outros tantos membros foram poupados de amputações em decorrência do emprego de técnicas cirúrgicas avançadas descobertas pelo insigne esculápio francês . Junto com o bioquímico inglês Harry Dakin , Alexis idealizou uma solução antisséptica chamada “ Solução Carrel – Dakin “ e que foi amplamente empregada durante a conflagração mundial , poupando muitas vidas .
Após o término da guerra , Carrel continuou seus trabalhos científicos no Instituto Rockefeller na área de cultura de tecidos . Em 1935 Alexis Carrel lançou um livro que logo se tornou um exuberante êxito literário , “ O homem , esse desconhecido “ . Nele , o autor propunha a formação de um conselho superior para governar o mundo . Os membros que integrariam tal restrito grupo seriam intelectuais notáveis reunidos em volta de um “ Centro de Pensamento “ , onde políticos do mundo inteiro iriam buscar conselhos para o bem da humanidade . Carrel defendia firmemente que seria esta a única saída para evitar decadência orgânica e mental da humanidade . Para ele os seres humanos dividiam- se claramente em superiores ( a casta pensante ) e inferiores ( os deficientes físicos e mentais , entre outros ) que deveriam receber um diferenciado tratamento . Para Carrel , o homem forte intelectual é o mais feliz e útil dos seres , porque mantém em harmonia as atividades intelectuais , morais e orgânicas .
Na primeira edição em alemão do livro “ O homem , esse desconhecido “ , o autor , rasga elogios ao regime nazista de Adolf Hitler : “ O governo alemão tem tomado medidas enérgicas contra a propagação de defeituosos , enfermos mentais e criminosos . A solução ideal seria a supressão de cada um destes indivíduos enquanto haja demonstrado o mesmo que pode ser perigoso “ . Desta solução defendida por Carrel para a “ solução final “ proposta por Hitler foi um simples passo de ganso .
Cumpre salientar que Alexis Carrel tomou partido durante a Segunda Grande Guerra Mundial ( 1939 – 1945 ) de franco apoio ao regime nazista de Adolf Hitler participando do governo colaboracionista francês de Vichy ( 1940 – 1944 ) sob o comando do Marechal Philippe Petain , onde comandava um grande hospital francês da famigerada Fundação para Estudos dos Problemas Humanos .
Alexis Carrel morreu de um ataque cardíaco aos 71 anos de idade na França no ano de 1944 , em meio a caça as bruxas promovida pelas forças do governo provisório instituído em 29 de agosto de 1944 sob o comando do Marechal Charles De Gaulle ( França Livre ) .
Alexis Carrel serve de exemplo acabado para tipos como , o médico e o monstro ( Dr. Jekyll e Mr. Hyde ) do escritor Robert Louis Stevenson . Evidencia a complexidade do ser humano visto de perto e uma prova cabal de que toda biografia só tem seu fecho após a última pá de terra fria que cai sobre o tal bicho – homem.
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