SAUDADES DAS GLÓRIAS DO FERROVIÁRIO
Numa tarde/ noite na Arena
Papelão , no ano de 2015 a.C. , gladiadores em busca de sangue
fizeram a alegria e a tristeza duma massa humana sedenta e raivosa .
Um “ Idoso “ e um “ Leão “ iriam se digladiar para manter acesa a tola
chama do “ pão e circo “ de Pindorama . Depois da renhida luta saiu
com vantagem o “ Leão “ , em franco desrespeito ao vigente Estatuto do
Idoso . Nas atuais circunstâncias tudo vale numa Pindorama sem rumo
. Um primor a parte foram as distintas e educadas torcidas
desorganizadas que deram asas , literalmente , às cadei
ras da Arena
promovendo um lindo revoar de” garças sem asas “ . Até
equipamentos eletrônicos foram surrupiados pelos gentis vândalos .
Deviam , contudo , ter feito o trabalho correto , levando logo tudo
por água abaixo . Ninguém iria sentir a menor falta . Um lindo
espetáculo digno de nossa melhor tradição ! .
Pensando bem , o
agonizante espetáculo da Arena Papelão precisa com urgência voltar aos
seus áureos tempos e ser realizado em campos de areia , com bola de
pito e sem chuteiras . Cumpre salientar que não sou “ Vovô nem Leão “
, graças a Deus . O meu Ferroviário não se expõe a um vexame desta
ordem . Falta picardia para que o meu Ferrão se digne a participar de
tão pífia competição . Os supimpas craques , Pacoti , Aldo , Macaúba ,
Zé de Melo e Coca – Cola não merecem enfrentar trogloditas desta
natureza .
Seremos hoje, com orgulho , mostrados como exemplo de
ordem e civilidade para o mundo todo. “ Valeu mano, nois samo fera
. Nois é nois “ .
O romancista alagoano Graciliano Ramos em artigo
publicado em 1921 faz um retrato do futebol nordestino , de uma
aspereza e aridez compatível com a região :
“ Somos , em geral ,
franzinos , mirrados , fraquinhos ,de uma pobreza de músculos lastimável
. Fisicamente falando , somos uma verdadeira miséria . Moles , bambos ,
murchos , tristes , uma lástima ! . Pálpebras caídas , beiços caídos ,
braços caídos , um caimento generalizado que faz de nós um ser
desengonçado , bisonho , indolente , com ar de quem repete , desenxabido
e encolhido , a frase pulha que se tornou popular : Me deixa ! . “
De lá para cá , o que mudou ? mudou muito ? . Nada , nada , nada , nada ! .
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