A Oração do Sábio
Ave Maria !
Lá está o sábio mergulhado em profundos estudos. Sua inteligência culta está habituada a excursões profundas , à procura das raízes dos fenômenos e das últimas razões de muitas afirmações da ciência. Por vezes, ele perde de vista a vida real e divaga em regiões inacessíveis às inteligências comuns . Alheado a quanto se passa em torno dele, automaticamente se move guiado apenas pelo subconsciente. Toda a sua atenção está presa em camadas profundas onde vão terminar ou onde nascem fatos e cousas que temos diante dos olhos . Se acontece ali bem perto qualquer cousa perfeitamente visível aos presentes, a ele passa despercebido. Entretanto à primeira badalada do sino às Ave - Marias, ele atende sem demora . Nada tem sobre ele influência tão forte e excitante como a voz do sino a chamá - lo para a prece. Pode estar todo imerso nas brumas de um problema à voz do sagrado bronze, abre mão de tudo e atende à prece .
Habituou - se a corresponder ao primeiro badalar do sino . Abandona bruscamente o fio da questão em estudo e atira o pensamento para a SS. Virgem . É um sábio. E como sabe aprofundar seu pensamento nesse abismo misterioso das glórias da Encarnação. Que prazer para uma inteligência fina e culta mergulhar nessa amplidão! Que voos largos pelos campos infindos do amor que se revela na Encarnação do Verbo.
- Ave Maria !
" A Oração do Sábio " , da autoria de Dom Antônio de Almeida Lustosa ( 1886 - 1974 ), Arcebispo de Fortaleza . Um escritor de frases finas e leves ,observação aguda , de um interesse apaixonado pela criatura humana , de um toque seguro de erudição. Escreveu vários livros , desde literatura infantil a cartas pastorais e manuais de profunda teologia .
Ave - Maria
Cai a tarde, tristonha e serena ,
Em macio e suave langor
Despertando no meu coração
A saudade do primeiro amor.
Um gemido se esvai lá no espaço
Nesta hora de lenta agonia
Quando o sino , saudoso , murmura
Badaladas da " Ave - Maria ".
Sino que tange com mágoa dorida,
Recordando os sonhos da aurora da vida ,
Dai- me ao coração, paz e harmonia
Na prece da " Ave - Maria " .
No alto do campanário,
Uma cruz simboliza o passado
De um amor que já morreu ,
Deixando um coração amargurado.
Lá no infinito azulado ,
Uma estrela formosa irradia
A mensagem do meu passado
Quando o sino tange ' Ave - Maria "
Canção " Ave - Maria ," da autoria de Erotides Campos ( 1896 - 1945 ) . Valsa que a voz maviosa de minha querida mãe embalava sonhos de uma criança !
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