UM TIME DE BRANCO DA MPB
Para o Mestre e Poeta Martinho
Rodrigues
Max Nunes,
Joubert de Carvalho, Alberto Ribeiro, Paulo Vanzolini, Capinam, Aldir Blanc, Zé
Dantas, Dalto, Noel Rosa, Gordurinha e Belchior. Onze nomes que enriquecem a
nossa Música Popular Brasileira (MPB) e que, de algum modo, tiveram contato com
a sublime profissão de médico. Belchior, Gordurinha e Noel Rosa, principiaram,
mas não chegaram a concluir o curso de medicina.
Max Nunes
(1922- 2014), humorista, compositor e médico:
“Bandeira
branca, amor/não posso mais/pela saudade/ que me invade, eu peço paz/saudade
mal de amor, de amor/saudade, dor que dói demais/vem, meu amor/ bandeira
branca, eu peço paz”. Canção Bandeira Branca, de autoria de Max nunes e Laércio
Alves.
Joubert de
Carvalho (1900-1977), compositor, arranjador e médico:
“Ta-Hi/eu
fiz tudo/pra você gostar de mim/oh! , meu bem/faz assim comigo não/você tem,
você tem/que me dar seu coração/meu amor, não posso esquecer/se dá alegria/faz também
sofrer/a minha vida foi sempre assim/só chorando as mágoas/que não tem fim/essa
história de gostar de alguém/já é mania/que as pessoas tem/ se me
ajudasse/Nosso Senhor/eu não pensaria mais no amor”
Alberto
Ribeiro (1902- 1971), cantor, compositor e médico:
“Copacabana,
princesinha do mar/pelas manhãs, tu és a vida a cantar/e à tardinha ao sol
poente/deixas sempre uma saudade, na gente/Copacabana, o mar eterno cantor/ao
te beijar, ficou perdido de amor/e, hoje vivo a murmurar/só a ti, Copacabana,
eu hei de amar”. Canção Copacabana, de autoria de Alberto Ribeiro e Braguinha.
Paulo
Vanzolini (1924 – 2013), compositor, médico/zoólogo:
“De noite eu
rondo a cidade/a te procurar sem encontrar/no meio de olhares espio/em todos os
bares/você não está/volto pra casa abatida/desencantada da vida/o sonho alegria
me dá/nele você está/ah, se eu tivesse/quem bem me quisesse/esse alguém me
diria/”desiste, esta busca é inútil”/eu não desistia/porém, com perfeita
paciência/volto a te buscar/hei de encontrar/bebendo com outras
mulheres/rolando um dadinho/jogando bilhar/e neste dia, então/vai dar na
primeira edição/cena de sangue num bar/da Avenida São João/. Canção Ronda de
autoria de Paulo Vanzolini.
José Carlos
Capinam (1941-), poeta, escritor, jornalista e médico:
“Era um, era
dois, era cem/era o mundo chegando e ninguém/que soubesse que eu sou
violeiro/que me desse amor ou dinheiro/era um, era dois , era cem/vieram pra me
perguntar/ô, você, de onde vai, de onde vem/diga logo o que tem pra
contar/parado no meio do mundo/senti chegar meu momento/olhei pro mundo e nem
via/nem sombra, nem sol, nem vento/quem me dera agora/eu tivesse a viola pra
cantar/era um dia, era claro, quase meio/era um canto calado, sem
ponteio/violência, viola, violeiro/era morte em redor, mundo inteiro/era um
dia, era claro, quase meio/tinha um que jurou me quebrar/mas não lembro de dor,
nem receio/só sabia das ondas do mar/jogaram a viola no mundo/mas fui lá no
fundo buscar/se eu tomo a viola ponteio/meu canto não posso parar, não/quem me
dera agora/eu tivesse a viola pra cantar/era um, era dois, era cem/era um dia,
era claro, quase meio/encerrar meu cantar já convém/prometendo um novo
ponteio/certo dia que sei por inteiro/eu espero, não vá demorar/este dia estou
certo que vem/digo logo o que vim pra buscar/correndo no meio do mundo/ não
deixo a viola de lado/vou ver o tempo mudado/e um novo lugar pra cantar/quem me
dera agora/eu tivesse a viola pra cantar”. Canção Ponteio de autoria de Capinam
e Edu Lobo.
Aldir Blanc
(1946 -), compositor, escritor, médico:
“Doutor/jogava
o Flamengo, eu queria escutar/chegou/mudou de estação, começou a cantar/tem
mais/um cisco no olho, ela em vez de assoprar/sem dó/falou que por ela eu podia
cegar/se eu dou/um pulo, um pulinho, um instantinho no bar/bastou/durante dez
noites me faz jejuar/levou/as minhas cuecas prum bruxo rezar/coou/meu café na
calça pra me segurar/se tô, ai, se eu tô/devendo dinheiro e vem me cobrar/e vem
me cobrar/doutor/ai, doutor/a peste abre a porta e ainda manda sentar/e ainda
manda sentar/depois/se eu mudo de emprego que é pra melhorar/que é só pra
melhorar/vê só/convida a mãe dela pra ir morar lá/se eu peço feijão, ela deixa
salgar/calor/ai, calor/mas veste casaco pra me atazanar/só pra atazanar/e
ontem/sonhando comigo, mandou eu jogar/no burro/foi no burro/e deu na cabeça, a
centena e o milhar/ai, quero me separar”.
Canção Incompatibilidade de Gênios, de autoria de Aldir Blanc e João
Bosco.
Zé Dantas
(1821- 1962), José de Sousa Dantas Filho: Compositor, poeta, folclorista e
médico:
“Já faz três
noites, que pro Norte relampeia/a Asa Branca, ouvindo o ronco do trovão/já
bateu asas, e voltou pro meu sertão/ai, ai, eu vou embora/ vou cuidar da
plantação/já bateu asas e voltou pro meu sertão/ai, ai, eu vou embora/vou
cuidar da plantação/a seca fez eu desertar da minha terra/mas felizmente, Deus
agora se lembrou/de mandar chuva , pra este sertão sofredor/sertão da mulher
séria, do homem trabalhador/rios correndo, as cachoeiras tão zoando/terra
molhada, mato verde, que riqueza/e a Asa Branca salta e canta, que beleza/está
o povo alegre, mais alegre a natureza/sentindo a chuva eu me recordo de
Rosinha/a linda flor do meu sertão pernambucano/e se a safra não atrapalhar
meus planos/que que há, ó seu vigário/vou casar no fim do ano!” . Canção A
Volta da Asa Branca, de autoria de Zé Dantas.
Dalto
(1949-), Dalto Roberto Medeiros: Cantor, compositor e médico:
“Se você vê
estrelas demais/lembre que um sonho não volta atrás/chega perto e diz anjo/se
você sente o corpo colar/solte o seu medo bem devagar/chega perto e diz anjo/se
uma coisa louca/sai do seu olhar/fica em silêncio/deixa o amor entrar/pra que
tanta pressa de chegar/se eu sei o jeito e o lugar/se eu sei o jeito e o
lugar”. Canção Anjo, da autoria de
Dalto, Cláudio Rebello e Renato Correa.
Noel Rosa
(1910- 1937), cantor e compositor: Não concluiu o curso de medicina:
“Quem acha,
vive se perdendo/por isso agora eu vou me defendendo/da dor tão cruel desta
saudade/que, por infelicidade/meu próprio peito invade/batuque é um
privilégio/ninguém aprende samba no colégio/sambar é chorar de alegria/é sorrir
de nostalgia/dentro da melodia/por isso agora lá na Penha/ vou mandar minha
morena/pra cantar com satisfação/e com harmonia/ esta triste melodia/que é meu
samba em feitio de oração/o samba na realidade, não vem do morro/nem lá da
cidade/e quem suportar uma paixão/saberá que o samba , então/ nasce do coração”
Canção
Feitio de oração, de autoria de Noel Rosa e Vadico.
Gordurinha
(1922 – 1969), Waldeck Artur de Macedo: cantor, compositor, humorista. Estudou
medicina, mas não concluiu o curso.
“Oh! Deus,
perdoe este pobre coitado/que de joelhos rezou um bocado/pedindo pra chuva cair
sem parar/Oh! Deus, será que o Senhor se zangou/ e só por isso o sol retirou/fazendo
cair toda a chuva que há/ Senhor, eu pedi para o sol se esconder um
tiquinho/pedi para chover, mas chover de mansinho/pra ver se nascia uma planta
no chão/Oh! Deus, se eu não rezei direito/ o Senhor me perdoe/eu acho que a
culpa foi/desse pobre que não sabe fazer oração/Meu Deus, perdoe eu encher os
meus olhos de água/e ter-lhe pedido cheinho de mágoa/pro sol inclemente se
retirar/desculpe eu pedir a toda hora/para chegar o inverno/desculpe eu pedir
para acabar com o inferno/que sempre queimou o meu Ceará”. Composição Súplica
Cearense, de autoria de Gordurinha.
Belchior (1946-
2017), Antônio Carlos Belchior, cantor e compositor. Cursou a faculdade de
medicina, mas não completou a graduação.
“Há tempo,
muito tempo/que eu estou longe de casa/e nessas ilhas cheias de distância/o meu
blusão de couro se estragou/ouvi dizer num papo da rapaziada/que aquele amigo/
que embarcou comigo/cheio de esperança e fé/já se mandou/sentado à beira do
caminho/pra pedir carona/tenho falado à mulher companheira/quem sabe lá no
Trópico a vida esteja a mil/e um cara que transava a noite/no Danúbio Azul/me
disse que faz sol/na América do Sul/e nossas irmãs nos esperam/ no coração do
Brasil/minha rede branca/meu cachorro ligeiro/sertão, olha o Concorde/que vem
vindo do estrangeiro/o fim do termo Saudade/como o charme brasileiro/de alguém
sozinho a cismar/gente de minha rua/como eu andei distante/quando eu
desapareci/ela arranjou um amante/minha normalista linda/ainda sou estudante/da
vida que eu quero dar/até parece que foi ontem/minha mocidade/com diploma de
sofrer /de outra Universidade/minha fala nordestina/quero esquecer o francês/e
eu vou viver as coisas novas/que também são boas/o amor, humor das
praças/cheias de pessoas/agora eu quero tudo/tudo outra vez/gente de minha
rua/como eu andei distante/quando eu desapareci/ela arranjou um amante/minha
normalista linda/ainda sou estudante/da vida que eu quero dar” .
Canção Tudo Outra Vez, de autoria de Belchior.
Canção Tudo Outra Vez, de autoria de Belchior.
Ufa!
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