sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O VULCÃO TIM MAIA

Para Léia


“ Ninguém me avisou/que estavam me enganando/ninguém me ajudou/nem mesmo me contando/quantas vezes eu pensei/que absurdo/muitas vezes tive que chorar/no entanto resolvi/sair do escuro/voltou a clarear /me sinto iluminado/por conseguir sair assim/sem ter me machucado/e nem ferir ninguém, também/apesar de compreender/ que eu fui traído/aprendi que estou numa melhor/persistir em encontrar felicidade/voltou a clarear”
Tim Maia (1942 – 1998) , ou Sebastião Rodrigues Maia , cantor , compositor , instrumentista , produtor musical e empresário , nascido em Niterói no Rio de Janeiro , no dia 28 de setembro de 1942 . Seus pais foram, Altivo Maia ( 1900 – 1959 ) e Maria Imaculada Nogueira (1902 – 1991 ) que construíram uma prole de 6 filhos . Sebastião ou Tião viveu uma infância pobre e cedo partiu para o trabalho, entregando marmitas ( Tião Marmiteiro ), e desbravando o mundo com seus  perigosos redemoinhos. Logo manifestou pendores musicais iniciando a intimidade com instrumentos, como bateria, violão e guitarra. Formou um grupo musical, “ Tijucanos do Ritmo “ de existência fugaz . Em 1957 conheceu gente de sua idade que num futuro próximo daria muito o que falar, como , Roberto Carlos , Erasmo Carlos e Jorge Benjor , daí surgindo o conjunto vocal “ The Sputniks “ . No ano de 1959 o adolescente Sebastião partiu para uma audaciosa aventura nos Estados Unidos, fixando residência em Terrytown , uma pequena cidade perto de Nova Iorque . Por esta época aprendeu nas ruas  o idioma inglês , a “ soul music “ dos negros e incrementou os contatos imediatos com drogas ilícitas que o acompanhariam por todo o seu doloroso calvário . Ao fim de 4 anos de vida errante com jovens americanos e pequenos delinquentes , cumpriu pena em presídio por roubo e posse de drogas . Em seguida foi deportado de volta ao Brasil . Para sua família inventou que saiu dos Estados Unidos fugindo da Guerra do Vietnã. Segue para São Paulo em busca de seus antigos companheiros de música, mas recebe uma ducha de água fria dos mesmos. Volta ao Rio de Janeiro e só encontra portas fechadas e más companhias.
Em 1968 compõe canções para Erasmo e Roberto Carlos que estavam em franca ascensão com a Nova Guarda e produz um álbum “ A Onda é Boogaloo “ . Em 1970 lança seu primeiro LP “ Tim Maia “ pela Polydor e carimba os sucessos : Azul da Cor do Mar ; Coronel Antônio Bento ; Primavera ; Eu Amo Você . Daí em diante veio muito chumbo grosso: o “ gordo , negro e cafajeste “ segundo suas próprias palavras , levando a tiracolo  o pesado “ triatlo “ álcool , cocaína e maconha . Em 1972, Tim Maia segue para Londres onde encontra auto - exilados famosos da esquerda como  ,Caetano Veloso , Gilberto Gil, Hélio Oiticica e Jorge Mautner , aproveitando para aprofundar seus conhecimentos em Haxixe , LSD e Cocaína , tudo muito chique na época . Novamente , de volta ao Brasil, Tim envolve-se com a exótica doutrina” Cultura Racional”  liderada pelo místico Manuel Jacinto Coelho. Durou pouco o namoro, mas mesmo assim surgem desta fase alguns trabalhos musicais  que logo serão esquecidos.
Na década de 80 estouram os sucessos “ Descobridor dos Sete Mares “ , “ Me Dê Motivo “ e “ Um Dia de Domingo “ .
“ Eu preciso te falar /te encontrar de qualquer jeito /pra sentar e conversar /depois andar de encontro ao vento /eu preciso respirar /o mesmo ar que te rodeia / e na pele eu quero ter/ o mesmo sol que te bronzeia /eu preciso te tocar /e outra vez te ver sorrindo/te encontrar num sonho lindo /já não dá mais pra viver/um sentimento sem sentido /eu preciso descobrir / a emoção de estar contigo /ver o sol amanhecer/ e ver a vida acontecer/ como um dia de domingo / faz de conta que ainda é cedo /tudo vai ficar por conta da emoção / faz de conta que ainda é cedo /e deixar falar a voz do coração “ .
Na década de 90 encontra-se um Tim Maia, obeso e com sérios problemas de saúde como, diabetes e hipertensão arterial. Além do que faltando a compromissos artísticos e sem aparecer nos grandes veículos da mídia brasileira. No dia 8 de março de 1998 sobe no palco do Teatro Municipal de Niterói e passa mal interrompendo, abruptamente, sua apresentação e indo direto para um hospital e uma semana depois , no dia 15 de março de 1998 o vulcão Tim Maia se cala , em decorrência de múltiplas complicações relacionadas a doenças crônicas que atazanavam o eterno menino gordo , polêmico , gozador e filósofo do cotidiano . Um sério desfalque, sem dúvida para a Música Popular Brasileira.
“ Ora bolas , não me amole /com esse papo , de emprego/não está vendo , não estou nessa/o que eu quero ?/ sossego ! “
Fim de papo , e , sossego !


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