segunda-feira, 26 de setembro de 2016

                                                       UM CARREIRO EM APUROS



Um carreiro idoso e carrancudo conduzia uma carroça, que caindo aos pedaços mostrava desgaste pelos ásperos tempos, ambos, o condutor e a condução. Nas praças de San Pablo, uma gente estranha, a maioria com rostos cobertos, parecendo ninjas, verberava um mantra “fora, carreiro “, repetitivo e chato. Súbito a diligência despenca num barranco íngreme. O tal condutor, cheio de verve, macaco velho passado na casca do alho, tendo ao lado uma bela estampa feminina, uma quase deusa, fica estático, e põe-se a rezar por Zeus, e a outras divindades do Olimpo, que pudessem lhe tirar daquela enrascada. Surge de chofre, uma daquelas sagradas criaturas antropomórficas do além e verbera: “– ajuste as rodas, aguilhoe os bois e, então, reze sim, mas se você não se aluir, estará rezando à toa“. Em resumo: a vaca continuará no brejo!
Parece um escrito de Esopo (século VI a. C. ) fabulista nascido na Trácia, mas a arenga passou –se num burgo distante, perdido nas brenhas da sofrida e folclórica América Latina , numa tênue democracia , a bradar por um Hércules e sua fantástica força . O mais drástico é que os atrasados vizinhos da região, uns trogloditas, coitados, não podem ajudar, pois dispõem, apenas, de “ foices e martelos “ enferrujados , que convenhamos, tem pouca serventia.
Quando Zeus lançará seu olhar miraculoso para a América Latina? Só Zeus sabe!

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