quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

VADICO E NOEL, UMA DUPLA HARMONIA

Osvaldo de Almeida Gogliano ou Vadico (1910 – 1962), instrumentista, arranjador e compositor, nasceu no dia 24 de junho de 1910, no tradicional bairro do Brás em São Paulo. Filho do mineiro de origem italiana Erasmino Gogliano e de Maria Adelaide de Almeida. Seus irmãos: Dirceu, Carlos e Rute, tornaram – se todos músicos. Aos 16 anos Vadico principiou seu namoro com o piano e já aos 18 anos atuava como músico profissional. Venceu em 1928 um concurso com uma marcha “ Isso Mesmo É que Eu Quero “ e no ano seguinte, aos 19 anos de idade tem uma música incluída num filme (Acabaram–se os Otários), dirigido por Luís de Barros.
Em 1931 Vadico transfere –se para o Rio de Janeiro e por intermédio do maestro Eduardo Souto é apresentado a Noel Rosa, também nascido em 1910, e que seria seu mais brilhante parceiro musical ao longo da curta existência de ambos (Noel viveria 26 anos e Vadico , 52 anos ) . Na ocasião o “ Poeta da Vila Isabel “ ouviu uma primorosa melodia da autoria de Vadico. Dois dias depois Noel trouxe na ponta da língua a letra de “ Feitio de Oração “:
“ Quem acha , vive se perdendo / por isso agora eu vou me defendendo / da dor tão cruel desta saudade / que por infelicidade / meu pobre peito invade / por isso agora lá na penha / vou mandar minha morena / pra cantar com satisfação / e com harmonia / essa simples melodia / que é o meu samba em feitio de oração / batuque é um privilégio / ninguém aprende samba no colégio / sambar é chorar de alegria / é sorrir de nostalgia / dentro da melodia / por isso agora lá na penha/ eu vou mandar minha morena / pra cantar com satisfação / e com harmonia essa triste melodia / que é o meus samba em feitio de oração / batuque é um privilégio / ninguém aprende samba no colégio / sambar é chorar de alegria / é sorrir de nostalgia / dentro da melodia / o samba na realidade não vem do morro / nem lá da cidade /e quem suportar uma paixão / sentirá que o samba então / nasce do coração “/
Depois deste clássico, a dupla Vadico e Noel elaborou os seguintes sucessos: ” Pra que Mentir” (1934) ; “ Feitiço da Vila “ ( 1934 ) ;  “ Conversa de Botequim “ ( 1935 ) ; “ Tarzã, o filho do alfaiate “ ( 1936 ) .
“Pra que mentir se tu ainda não tens / esse dom de saber iludir /pra que? pra que mentir / se não há necessidade de me trair?/ pra que mentir , se tu ainda não tens/ a malícia de toda mulher ?/ pra que mentir / se eu sei que gostas de outro /que te diz que não te quer ?/ pra que mentir tanto assim /se tu sabes que eu sei /que tu não gostas de mim ?/se tu sabes que eu te quero /apesar de ser traído /pelo teu ódio sincero / ou por teu amor fingido? / “
Em 1939 Vadico viajou para os E.U.A. com a Orquestra Romeu Silva com fins de atuar no pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York. Ainda naquele país atuou como pianista de   Carmen Miranda (1909 – 1955) e do Bando da Lua. Participou de filmes convidado pela Universal Pictures e por Walt Disney. Em 1949 integrou a companhia da bailarina Catherine Dunham, como regente de orquestra e excursionou pela Europa e América Latina. Voltou para o Brasil onde atuou em rádio, televisão e em casas noturnas como Casablanca e Sacha’s.
Em parceria com o compositor Marino Pinto (1916 – 1965), Vadico lançou o sucesso “ Prece “ que considerava como sua obra – prima:
“ Quem duvidar que duvide /a saudade em meu peito reside / sem querer fui querer /novamente / já fiz tanta oração /ao Senhor eu pedi /proteção, inutilmente/ eu rezei minha prece / saudade vai e me esquece “ /.
No dia 11 de 1962, aos 52 anos, Vadico vai em busca de seu maior parceiro Noel Rosa que daqui se fora em 4 de maio de 1937 aos 26 anos,  para juntos continuarem sua eterna boemia  onde o tempo é eterno.






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