Liberdade
" - O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos , que é santo de romaria, deram então me chamar Severino de Maria, como há muitos Severinos com mães chamadas Maria , fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias...
Desde que estou retirando só a morte vejo ativa, só a morte deparei e às vezes até festiva só a morte tem encontrado quem pensava encontrar vida, e o pouco que não foi morte foi de vida severina ( aquela vida que é menos vivida que defendida, e é ainda mais severina para o homem que retira )...
Somos muitos Severinos , iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo se equilibra, no mesmo ventre crescido, sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta, e se somos Severinos iguais em tudo na vida , morremos de morte igual , mesma morte severina: que é a morte de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia ( de fraqueza e de doença, é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida )".
Excertos do poema Morte e Vida Severina, obra - prima do pernambucano João Cabral de Melo Neto ( 1920 - 1999 ).
No adusto chão do sofrido Ceará estamos em véspera de eleições. Há que se ficar atento às práticas daninhas que , por vezes , proliferam nessas pelejas.
Somos seres do desejo e nossos desejos , comumente , se opõem. O conflito é a própria essência da sociedade. A democracia não é a ausência de conflitos .
Sejamos atores conscientes de mudanças, sendo semente , adubo e colheita !
Vamos pôr ordem na casa , Ceará!
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