sexta-feira, 15 de junho de 2018


DOIS DEDOS DE PROSA COM UM GIGANTE: CARL SAGAN



“A vida sobre a terra prosperou bastante bem por 4 bilhões de anos sem “administradores”. Escutamos uma parábola secular, em que nos foi pedido que imaginássemos a nossa espécie como uma vila de cem famílias. 

Assim, 65 famílias na nossa vila são analfabetas e noventa não falam inglês, setenta não têm água para beber em casa, oitenta não têm entre seus membros ninguém que haja voado num avião. Sete famílias possuem sessenta por cento da terra e consomem oitenta por cento de toda a energia disponível. Eles têm todos os luxos. Sessenta famílias se amontoam em dez por cento da terra.

 Apenas uma família tem um membro com educação universitária. E o ar e a água, o clima e a luz solar fustigante, tudo está piorando. Qual é a nossa responsabilidade comum?
“O século XX será lembrado por três grandes inovações: meios sem precedentes de salvar, prolongar e intensificar a vida; meios sem precedentes de destruir a vida, inclusive pondo a nossa civilização global pela primeira vez em perigo; e percepções sem precedentes da natureza de nós mesmos e do universo.

“Mais de cento e cinquenta milhões de seres humanos foram mortos na guerra e por ordens expressas de líderes nacionais no século XX. O século presenciou a proeza quase mítica de enviar doze humanos à Lua e trazê-los de volta à Terra em segurança, junto com mais de cem quilogramas de rochas da Lua.

 O Príncipe sultão Bin Salmon Al-saud, astronauta da Arábia Saudita assim se expressou:  - No primeiro ou segundo dia, todos nós apontávamos para os nossos países. No terceiro ou quarto dia, estávamos apontando para os nossos continentes. No quinto dia, só percebíamos uma única Terra.

“Na minha opinião, é muito melhor compreender o universo como ele é realmente do que imaginar um universo como gostaríamos que ele fosse”
“Já encarei a morte seis vezes. E seis vezes a morte desviou seu olhar e me deixou passar. É claro que ela vai acabar me levando – como faz com todos nós.

 É só uma questão de quando. E como. Gostaria de acreditar que, ao morrer, vou viver novamente, que a parte de mim que pensa, sente e recorda vai continuar. Mas, por mais que deseje acreditar nisso, e apesar das antigas tradições culturais difundidas em todo o mundo que afirmam haver vida após a morte, não sei de nada que me sugira que esta afirmação não passa de uma doce ilusão”.

Carl Sagan (1934 -1996), foi professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e cientista visitante no Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Foi agraciado com várias medalhas e prêmios por suas contribuições ao desenvolvimento e divulgação da ciência. Um nobre e gentil ser humano.




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