terça-feira, 13 de dezembro de 2016

ÁRVORES INÚTEIS


Em Pindorama, no Planalto Central, árvores gigantescas com o miolo corroído por um cancro voraz encontram-se sendo, inapelavelmente, dizimadas.
 Comenta-se à boca miúda, que tal desastre ecológico em seu seio traz um meritório propósito: tentar salvar uma tênue democracia em frangalhos prestes a ruir.

De fato, tratam- se de árvores vistosas, plenas de frutos de ouro, contudo, alimentadas por lama de um “ propinoduto “ que corre a céu aberto, uma verdadeira pestilência.
 De pé sobrevivem, apenas, as árvores ditas inúteis.

 Aquelas com galhos frágeis, cheias de nós, com seiva anêmica, sem viço e parva em serventia.
Para sobreviver, no momento, em Pindorama, faz-se prudente, ser uma árvore inútil, caso contrário, corre - se o iminente risco de ser rigorosamente abatida por forças repressoras conduzidas por uns “ meninos – velhos “ togados, oriundos de uma República de Paraná no sul de Pindorama.

Nada demais, e que se toque o barco para diante, pois é preciso passar Pindorama a limpo, mesmo que sejam abatidas todas as árvores prenhes de ouro falso, mas que no final sobreviva uma democracia saudável
Segue numa linguagem, de propósito, nada camoniana, desprezando a “ última flor do Lácio, inculta e bela “:

“ A gente não sabemos escolher presidente/a gente não sabemos tomar conta da gente /a gente não sabemos nem escovar os dente / tem gringo pensando que nóis é indigente/inútil! / a gente somos inútil / a gente faz carro e não sabe guiar/a gente faz trilho e não tem trem pra botar/a gente faz filho e não consegue criar/a gente pede grana e não consegue pagar /inútil! / a gente somos inútil /a gente faz música e não consegue gravar/a gente escreve livro e não consegue publicar/ a gente escreve peça e não consegue encenar/a gente joga bola e não consegue ganhar / inútil ! a gente somos inútil “ 
  
Letra de “ Inútil “de autoria de Roger do conjunto Ultraje a Rigor.


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