ÁRVORES INÚTEIS
Em Pindorama, no Planalto Central, árvores gigantescas com o
miolo corroído por um cancro voraz encontram-se sendo, inapelavelmente,
dizimadas.
Comenta-se à boca miúda, que tal desastre ecológico em seu seio traz
um meritório propósito: tentar salvar uma tênue democracia em frangalhos
prestes a ruir.
De fato, tratam- se de árvores vistosas, plenas de frutos de
ouro, contudo, alimentadas por lama de um “ propinoduto “ que corre a céu
aberto, uma verdadeira pestilência.
De pé sobrevivem, apenas, as árvores ditas
inúteis.
Aquelas com galhos frágeis, cheias de nós, com seiva anêmica, sem viço
e parva em serventia.
Para sobreviver, no momento, em Pindorama, faz-se prudente,
ser uma árvore inútil, caso contrário, corre - se o iminente risco de ser
rigorosamente abatida por forças repressoras conduzidas por uns “ meninos –
velhos “ togados, oriundos de uma República de Paraná no sul de Pindorama.
Nada demais, e que se toque o barco para diante, pois é preciso
passar Pindorama a limpo, mesmo que sejam abatidas todas as árvores prenhes de
ouro falso, mas que no final sobreviva uma democracia saudável
Segue numa linguagem, de propósito, nada camoniana,
desprezando a “ última flor do Lácio, inculta e bela “:
“ A gente não sabemos escolher presidente/a gente não
sabemos tomar conta da gente /a gente não sabemos nem escovar os dente / tem
gringo pensando que nóis é indigente/inútil! / a gente somos inútil / a gente
faz carro e não sabe guiar/a gente faz trilho e não tem trem pra botar/a gente
faz filho e não consegue criar/a gente pede grana e não consegue pagar /inútil!
/ a gente somos inútil /a gente faz música e não consegue gravar/a gente
escreve livro e não consegue publicar/ a gente escreve peça e não consegue
encenar/a gente joga bola e não consegue ganhar / inútil ! a gente somos inútil
“
Letra de “ Inútil “de
autoria de Roger do conjunto Ultraje a Rigor.
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