CADÊ A CARA DE MAU?
Em tempos pregressos fazia parte das condições para ostentar
a fama de um “ Tira “ de respeito em Pindorama , portar uma cara de mau , mesmo
que intimamente isso não representasse a fiel realidade
. O estereótipo
clássico do Tira constava ,dentre outras
,das seguintes características: estatura elevada, peso excessivo, contorno
quadrado como um guarda - roupa , bigode volumoso do tipo Bievenido Granda (1915- 1983) - um cantor brega cubano
apelidado de “ um bigode que canta “. A
presença de um óculos escuro Ray –Ban comumente utilizado por caminhoneiros
fazia-se indispensável . A abordagem civilizada do elemento suspeito,
invariavelmente, começava com a aplicação de uma voadora seguida duma gravata
para deixar o distinto com meio- palmo de língua para fora. Pronto, agora dava
- se início ao esperado interrogatório.
Num mundo pós- moderno virado de ponta- cabeça não se faz
mais “Tira” como antigamente. O policial
agora, à paisana, com uma camisa Polo, portando um colar de falsas pérolas no pescoço , pejado de
tatuagens pelo corpo inteiro , cabelo longo preso por um coque , sobrancelhas
bem desenhadas e com visíveis traços de rímel .
Cadê a cara de mau? O gato comeu!
Um agente da lei deste feitio, na atual folclórica Pindorama, só tem serventia para prender , cheio de salamaleques , um
político com olhos injetados , arquejante ou um daqueles de gravata branca oriundo das
elites de quatrocentos anos.
Bom, depois é partir
fagueiro para curtir os cinco minutos de glória nas famigeradas redes sociais. E viva Pindorama !
Saudades da Jovem – Guarda com o “ Tremendão “ Erasmo Carlos:
“ Meu bem às vezes diz que deseja ir ao cinema / eu olho e
vejo bem que não há nenhum problema / e digo não, por favor , não insista e
faça pista /não quero torturar meu coração /garota ir ao cinema é uma coisa
normal /mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau/meu bem , chora ,
chora e diz que vai embora/exige que eu
lhe peça desculpas sem demora /e digo não , por favor , não insista e faça
pista /não quero torturar meu coração /perdão a namorada é uma coisa normal
/mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau /e digo não , digo não ,
digo não, não , não , perdão a namorada
é uma coisa normal , mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau “
Letra de Erasmo
Carlos em Minha Fama de Mau .
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