BORORÓ , DA COR DO PECADO
Alberto de Castro Simoens da Silva, ou melhor, Bororó (15.10. 1898 /7.6.1986 ) compositor e instrumentista nascido no bairro de Botafogo , no Rio de Janeiro .Desde cedo tomou contato com o violão através de seu pai , Alberto Simoens da Silva , boêmio e seresteiro , conhecido como Sinhozinho .Quando estudante do Colégio Santo Inácio recebeu de um professor o apelido de Bororó em decorrência de um fato insólito : a visita em sua residência de um grupo de índios Bororos . Em 1920, o jovem Bororó inicia a produção de músicas para grupos carnavalescos , nada de maior significância .
Em 1939 lança sua primeira pérola, a música “Da Cor do
Pecado“ com letra brejeira e levemente maliciosa , gravada por Silvio Caldas
(1908- 1998 ) , O Caboclinho , também conhecido por “ Cantor das Multidinhas “
para diferenciar , de maneira jocosa , de Orlando Silva (1915 -1978 ) o célebre “ Cantor das Multidões “ :
“ Este corpo moreno cheiroso e gostoso que você tem /é um
corpo delgado da cor do pecado que faz tão bem /este beijo molhado ,
escandalizado que você deu /tem sabor diferente que a boca da gente jamais
esqueceu /e quando você me responde umas coisas sem graça/ a vergonha se
esconde/ porque se revela a maldade da raça/este corpo de fato tem cheiro de
mato/saudade , tristeza ,essa simples beleza/esse corpo moreno, morena
enlouquece /eu não sei bem por que /só sinto na vida o que vem de você “
No ano seguinte , em 1940 , Bororó, afagou o ego de Orlando
Silva, que havia recusado a gravação de “ Da Cor do Pecado “ , com um mimoso e
definitivo choro, “ Curare “ :
“Você tem boniteza / e a natureza foi que agiu /com esses
olhos de índia/ curare no corpo que é bem
Brasil/tu és toda Bahia /é a flor do
mocambo/da gente de cor /faz do amor confusão /numa misturação /vem banzeira ,
inzoneira / que tem raça e tradição /quebra , machuca / minha dor / nega ,
neguinha /tudo , tudinho /meu amorzinho / com essa boquinha vermelhinha ,
rasgadinha /que tem veneno como o que /conta tristeza e alegria pro seu
bem/tudo o que quer dizer/ que você é diferente / dessa gente que finge querer
“
Bastaram estes dois mimos para colocar Bororó no altar junto
aos grandes compositores da Moderna Música Popular Brasileira, deixando claro o
excelso valor da qualidade quando confrontado com a quantidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário