A Terra em suas voltas mostra uma gigante onda a se formar no
meio do oceano: um saudável movimento pelo retorno benfazejo às origens do
parto natural. Ao longo da história a assistência ao parto passou pelas
imaculadas mãos de mulheres não- médicas. Por volta da Idade Média com o
surgimento das Universidades na velha Europa, os novos profissionais do sexo
masculino egressos de tais instituições se apoderaram da assistência ao parto.
A realização de cesáreas fazia-se de forma excepcional por conta de elevados
índices de mortalidade materna e fetal, visto que, não existiam, por exemplo,
antimicrobianos, anestesia, bancos de sangue e ambiente propício ao partejar
cirúrgico. O século XX assistiu a uma elevação gradual do número de cesáreas,
em alguns países mais que em outros. Hoje, no Brasil , integrantes do Governo
Federal, da Medicina Suplementar, do Ministério Público, das Entidades Médicas
e da comunidade de um modo geral, clamam pelo retorno dos antigos patamares do
parto natural, como já acontece em muitos países pelo mundo afora. Correto.
Nestes locais a assistência pré-natal e o parto natural ficam por conta de um
grupo de profissionais: médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos,
odontólogos e doulas, dentre outros, com resultados auspiciosos. O Brasil
passando a adotar práticas de assistência pré-natal com múltiplos profissionais
e equipando seus hospitais públicos e privados de forma adequada poderá
reverter, sem maiores óbices, os elevados índices de partos cirúrgicos. Para
tanto ao casal gestante, desde o início do pré-natal dar-se-á ciência que seu
parto, se for de seu acordo, acontecerá numa unidade hospitalar com uma equipe
composta de médico plantonista, enfermeira, auxiliar de enfermagem, doula ,
assistente social e NÃO necessariamente pelo médico que conduziu o seu pré-natal
. Não se torna mais factível, nas atuais circunstâncias, um só profissional ser
o responsável pleno de todo o complexo percurso da gestação, parto e puerpério.
Certamente, com esta nova estratégia, o resultado será auspicioso, rico em
segurança para o binômio mãe- filho e altamente satisfatório para o
profissional médico, que livre desta obrigação, poderá usufruir seu tempo para
estudar e reaprender saberes aplicados a esta nobre arte de partejar. Isto sem
contar que poderá gozar férias, fins de semanas e feriados, curtindo ao bel-prazer
seus breves dias neste paraíso terreno, como qualquer trabalhador comum. À minha
vista, não vislumbro outra saída no horizonte, livre de quaisquer embates entre
todas as partes interessadas nesta salutar peleja em nome da saúde de nossa
população. Fica aqui o registro da simples opinião de um médico que peleja na
arte de partejar há 43 anos, com a humilde participação em cerca de 15.000
benditos partos. Aleluia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário