PECADO CAPITAL: O COTIDIANO
Dois senhores de idade provecta, de trajes simplórios, meio curvados como arbustos frágeis, conversam e gesticulam defronte a um certo “ pegue/ pague “ da vida.
- Que estranha aquela empolada figura humana reluzente na fila de compras! Comenta um daqueles senhores.
- Com certeza ele não faz parte da nossa confraria !, emenda o outro .
- A vida é assim mesmo: uns com tanto e outros com quase nada!
As orelhas do “ pobre burguês “ da fila, àquela altura deviam estar a arder. Segue o papo daqueles dois senhores, no mesmo diapasão.
- Aquilo que mata por inanição pode fazer o mesmo por indigestão pelo excesso de comida!
Além do que o vil metal prefere aquele mais hábil na poupança ou no exercício da usura.
- Tolice, rebate o outro. Este argumento só vale para nós que pouco possuímos. Um tipo como aquele é como um poço onde quanto mais se cava, maior a vazão da água, ou da lama, como queiram. Finaliza o mais queixoso.
- Vamos embora, amigo, pois aqui parados, somos um chamariz para qualquer marginal mais afoito! E segue o carrossel da vida, indiferente àquelas simples criaturas.
“ Dinheiro na mão é vendaval / é vendaval! / na vida de um sonhador / de um sonhador ! /quanta gente aí se engana / e cai da cama/ com toda a ilusão que sonhou / e a grandeza se desfaz / quando a solidão é mais / alguém já falou.../ mas é preciso viver / e viver/ não é brincadeira não / quando o jeito é se virar/ cada um trata de si/ irmão desconhece irmão / e aí! /dinheiro na mão é vendaval / dinheiro na mão é solução / e solidão ! Letra de “ Pecado Capital “ do mago cantor e compositor Paulinho da Viola.
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