EDWARD JENNER,
BENEMÉRITO DA HUMANIDADE
Edward Jenner (1749- 1823) nasceu a 17 de maio de 1749 em
Glucestershire , na Inglaterra , no seio de uma família de pastores
protestantes. O pai que era um clérigo enviou o filho às escolas da localidade
para a instrução primária. Desde cedo Jenner manifestou interesse por biologia
e foi, então, mandado para ser aprendiz junto ao cirurgião Daniel Ludlow , como
era comum à época . Aos 21 anos de idade entrou para o St. Geoge’s Hospital, de
Londres, onde trabalhou com o célebre cirurgião John Hunter. Como Hunter se
interessava por temas diversos, como, geologia, história natural e biologia
animal, Jenner recebeu importantes informações nestas áreas. Em 1772, aos 23
anos, Jenner diplomou=se em medicina pela Universidade de St. Andrew.
Após sua formatura, foi orientado por Hunter para retornar a
Gloucestershire . Pensava ele que Jenner sendo “ da roça “ não se adaptaria a
vida na cidade. Em 1778 Jenner contraiu matrimônio com Catalina Kingscoke,
mulher que não obstante sua delicada saúde, participou ativamente nos trabalhos
do marido e lhe deu três filhos: Eduardo, Catalina e Roberto.
No século XVII, a varíola era uma das enfermidades
epidêmicas com maior índice de mortalidade. O único tratamento conhecido na época
era de natureza preventiva, e consistia em inocular a uma pessoa sã matéria
infectada procedente de uma paciente que contraíra a forma leve da doença. Uma
das doenças leves que Jenner tratava era a vaccínia, uma infecção transmitida
do úbere da vaca para as mãos dos que praticavam a ordenha. Sabia-se que aqueles
que contraiam a vaccínia (varíola bovina) ficavam livres de adquirir a varíola
humana que ocasionava a morte de mais de 50% dos acometidos. Também se entendia
que certas infecções como a rubéola e a varíola só eram contraídas uma vez na
vida. Era a sabedoria popular se antecipando ao conhecimento científico. A
varíola era uma doença antiga, e a história da vacinação com várias práticas de
inoculação, surgiram, originalmente, em locais fora da tradição ocidental. Os
chineses costumavam colocar flocos das crostas das doenças nas narinas de
pacientes saudáveis para prevenir doenças. O mesmo se dava na Índia e na Pérsia.
Lady Mary Wortley Montagu , esposa do embaixador britânico
em Constantinopla , levou para Londres a prática de arranhar a pele com agulha
que tinha sido submersa em uma ferida de varíola , com fins de evitar o
aparecimento da varíola . Assim se tornou um hábito entre as famílias londrinas
utilizar-se de tal prática.
Em 14 de maio de 1796, Jenner coletou um pouco de secreção
de uma ferida na mão de Sara Nelmes, portadora de varíola bovina. Com este material
Jenner vacinou um garoto, James Phipps, de oito anos de idade. Dois meses
depois, o mesmo menino foi inoculado com pus tomado de um caso virulento de
varíola. Durante o período de incubação de duas semanas, Jenner e a mãe do
pequeno paciente passaram pelos mesmos tormentos que haveria de sofrer L.
Pasteur quando esperava os resultados de sua primeira vacinação contra a Raiva,
anos mais tarde. O menino não adoeceu, nem tampouco os vinte pacientes que
Jenner inoculou mais tarde.
Em 1798, lançou um artigo científico acerca da vacinação
contra a varíola, contando sua experiência. Ele recebeu infinitas cartas de
elogios e muitas outras com ataques severos a sua honra, inclusive de seus
pares de profissão. Consta de um folheto publicado por um tal Dr. Rowley, que
continha um desenho em que se representava a uma criança com cabeça de boi;
esta segundo o autor, havia tomado tal bizarra forma em razão de haver-se
vacinado ao menino. Por outra parte se predicava nos púlpitos que a vacina
constituía -se numa ação anticristã.
Por essa época grassou um surto de varíola após a vacinação
com material mal preparado, quase levando a descrença do herói Jenner e de seu
método de prevenção. Durante o período de dezoito meses de prova, na Inglaterra
foram vacinadas doze mil pessoas com retumbante sucesso.
O Parlamento Inglês o fez Cavaleiro e premiou-o com 20.000
libras esterlinas. Oxford concedeu-lhe título honorário. O czar da Rússia
deu-lhe um anel de ouro. Napoleão, na França enalteceu- lhe a descoberta. E dos
Estados Unidos partiu uma delegação de índios levando presentes e
agradecimentos a Edward Jenner. Era o mundo aos pés do grande benemérito.
Em 1803 se inaugurou
em Londres a Sociedade Real de Jenner com a vacinação universal como ideal supremo.
Outra das pragas da humanidade sucumbia ante o gênio e os esforços dos
cientistas. Jenner faleceu em 24 de janeiro de 1823, coberto de merecedora
glória. Seus restos mortais repousam no santuário da igreja de Berkeley.
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