terça-feira, 16 de agosto de 2016

EDWARD JENNER, BENEMÉRITO DA HUMANIDADE

Edward Jenner (1749- 1823) nasceu a 17 de maio de 1749 em Glucestershire , na Inglaterra , no seio de uma família de pastores protestantes. O pai que era um clérigo enviou o filho às escolas da localidade para a instrução primária. Desde cedo Jenner manifestou interesse por biologia e foi, então, mandado para ser aprendiz junto ao cirurgião Daniel Ludlow , como era comum à época . Aos 21 anos de idade entrou para o St. Geoge’s Hospital, de Londres, onde trabalhou com o célebre cirurgião John Hunter. Como Hunter se interessava por temas diversos, como, geologia, história natural e biologia animal, Jenner recebeu importantes informações nestas áreas. Em 1772, aos 23 anos, Jenner diplomou=se em medicina pela Universidade de St. Andrew.
Após sua formatura, foi orientado por Hunter para retornar a Gloucestershire . Pensava ele que Jenner sendo “ da roça “ não se adaptaria a vida na cidade. Em 1778 Jenner contraiu matrimônio com Catalina Kingscoke, mulher que não obstante sua delicada saúde, participou ativamente nos trabalhos do marido e lhe deu três filhos: Eduardo, Catalina e Roberto.
No século XVII, a varíola era uma das enfermidades epidêmicas com maior índice de mortalidade. O único tratamento conhecido na época era de natureza preventiva, e consistia em inocular a uma pessoa sã matéria infectada procedente de uma paciente que contraíra a forma leve da doença. Uma das doenças leves que Jenner tratava era a vaccínia, uma infecção transmitida do úbere da vaca para as mãos dos que praticavam a ordenha. Sabia-se que aqueles que contraiam a vaccínia (varíola bovina) ficavam livres de adquirir a varíola humana que ocasionava a morte de mais de 50% dos acometidos. Também se entendia que certas infecções como a rubéola e a varíola só eram contraídas uma vez na vida. Era a sabedoria popular se antecipando ao conhecimento científico. A varíola era uma doença antiga, e a história da vacinação com várias práticas de inoculação, surgiram, originalmente, em locais fora da tradição ocidental. Os chineses costumavam colocar flocos das crostas das doenças nas narinas de pacientes saudáveis para prevenir doenças. O mesmo se dava na Índia e na Pérsia.
Lady Mary Wortley Montagu , esposa do embaixador britânico em Constantinopla , levou para Londres a prática de arranhar a pele com agulha que tinha sido submersa em uma ferida de varíola , com fins de evitar o aparecimento da varíola . Assim se tornou um hábito entre as famílias londrinas utilizar-se de tal prática.
Em 14 de maio de 1796, Jenner coletou um pouco de secreção de uma ferida na mão de Sara Nelmes, portadora de varíola bovina. Com este material Jenner vacinou um garoto, James Phipps, de oito anos de idade. Dois meses depois, o mesmo menino foi inoculado com pus tomado de um caso virulento de varíola. Durante o período de incubação de duas semanas, Jenner e a mãe do pequeno paciente passaram pelos mesmos tormentos que haveria de sofrer L. Pasteur quando esperava os resultados de sua primeira vacinação contra a Raiva, anos mais tarde. O menino não adoeceu, nem tampouco os vinte pacientes que Jenner inoculou mais tarde.
Em 1798, lançou um artigo científico acerca da vacinação contra a varíola, contando sua experiência. Ele recebeu infinitas cartas de elogios e muitas outras com ataques severos a sua honra, inclusive de seus pares de profissão. Consta de um folheto publicado por um tal Dr. Rowley, que continha um desenho em que se representava a uma criança com cabeça de boi; esta segundo o autor, havia tomado tal bizarra forma em razão de haver-se vacinado ao menino. Por outra parte se predicava nos púlpitos que a vacina constituía -se numa ação anticristã.
Por essa época grassou um surto de varíola após a vacinação com material mal preparado, quase levando a descrença do herói Jenner e de seu método de prevenção. Durante o período de dezoito meses de prova, na Inglaterra foram vacinadas doze mil pessoas com retumbante sucesso.
O Parlamento Inglês o fez Cavaleiro e premiou-o com 20.000 libras esterlinas. Oxford concedeu-lhe título honorário. O czar da Rússia deu-lhe um anel de ouro. Napoleão, na França enalteceu- lhe a descoberta. E dos Estados Unidos partiu uma delegação de índios levando presentes e agradecimentos a Edward Jenner. Era o mundo aos pés do grande benemérito.

 Em 1803 se inaugurou em Londres a Sociedade Real de Jenner com a vacinação universal como ideal supremo. Outra das pragas da humanidade sucumbia ante o gênio e os esforços dos cientistas. Jenner faleceu em 24 de janeiro de 1823, coberto de merecedora glória. Seus restos mortais repousam no santuário da igreja de Berkeley.

Nenhum comentário:

Postar um comentário